Card. Parolin na ONU: "Instrumentalização da fé para justificar violência deve ser
condenada"
Nova Iorque
(RV) – As pessoas de fé têm a grande responsabilidade de condenar quem procura
separar fé e razão e instrumentalizar a fé como justificativa para a violência. Assim
expressou-se o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, ao pronunciar-se no debate
aberto do Conselho de Segurança da ONU sobre “Ameaças à paz e à segurança causadas
pelo terrorismo internacional”.
O terrorismo representa uma ameaça fundamental
para a nossa comum humanidade. “O contínuo e, em algumas regiões, crescente uso do
terror, é uma chamada a todas as nações e pessoas de boa vontade para assumir um compromisso
partilhado”, disse o Secretário de Estado aos participantes do debate. “O Conselho
de Segurança da ONU – recordou o purpurado – nasce após uma época em que uma visão
niilista da dignidade humana procurou dividir e destruir o mundo”. “Hoje como então
– é a exortação – as nações se unem para cumprir a sua responsabilidade primaria de
proteger as pessoas ameaçadas pela violência e os ataques contra sua dignidade”.
O
Cardeal Parolin fez menção às palavras de São João Paulo II após os “trágicos acontecimentos”
de 11 de setembro: o direito de defender os países e os povos de atos de terrorismo
não justifica responder a violência com a violência, mas antes, “deve ser exercitado
na escolha dos fins e dos meios em respeito aos limites legais e morais”. “O culpado
deve ser identificado corretamente, porque a responsabilidade penal é sempre pessoal
e não pode ser estendida à nação, à etnia ou à religião a que pertencem os terroristas”.
O
Secretário de Estado exorta, a seguir, que sejam combatidas pela raiz as causas que
alimentam o terrorismo internacional: “o desafio terrorista – explica – tem um forte
componente sócio-cultural”. Jovens - frequentemente oriundos de famílias pobres -,
vão ao exterior, e desiludidos por aquilo que sentem como uma falta de integração
ou de valores em algumas sociedades, acabam entrando em organizações terroristas.
Neste contexto, o purpurado pede que junto aos instrumentos jurídicos e aos recursos
para se evitar isto, os governos “se comprometam com a sociedade civil para enfrentar
os problemas das comunidades mais a risco de radicalização ou recrutamento e cheguem
a uma integração social satisfatória”.
“A Santa Sé – conclui o Cardeal Parolin
– afirma que as pessoas de fé têm a grande responsabilidade de condenar aquelas que
buscam separara a fé da razão e instrumentalizar a fé como justificativa para a violência”.
Como o Papa Francisco reiterou durante sua visita à Albânia – recordou o purpurado
– “Que ninguém pense de poder se fazer escudo de Deus enquanto projeta e realiza atos
de violência e de abuso! Que ninguém use a religião como pretexto para ações contra
a dignidade humana e contra os direitos fundamentais de cada homem e mulher, sobretudo,
o direito à vida e o direito de cada um à liberdade religiosa”. (JE)