Encontro inter-religioso: a religião é fonte de paz, não de violência!
Tirana (RV) - Após a solene celebração Eucarística e a oração do Angelus,
na Praça Madre Teresa, em Tirana, o Papa Bergoglio dirigiu-se à Nunciatura Apostólica,
onde almoçou com os Bispos da Albânia e com a comitiva papal.
Depois do almoço,
após um breve descanso, o Santo Padre foi, de automóvel, à Universidade católica “Nossa
Senhora do Bom Conselho”, na capital albanesa, onde se encontrou com os líderes de
outras Religiões e denominações cristãs.
Entre os presentes, além dos Bispos
albaneses e da comitiva papal, estavam presentes os líderes das seis maiores Comunidades
religiosas do país: Muçulmana, Bektashi (Confraternidade islâmica de derivação Sufi),
Católica, Ortodoxa, Evangélica e Hebraica. Cada líder estava acompanhado por dois
ou três colaboradores.
No discurso, que pronunciou, após as palavras de saudação
do Presidente da Conferência Episcopal da Albânia, Dom Ângelo Massafra, o Bispo de
Roma expressou sua alegria de participar deste encontro inter-religioso, que definiu
“de grande importância”, sinal de diálogo e do desejo de construir relações de fraternidade
e colaboração para bem de toda a sociedade. E ponderou:
“A Albânia foi,
tristemente, testemunha de inúmeras violências e dramas, que causaram a exclusão forçada
de Deus da vida pessoal e comunitária. Quando se pretende, em nome de uma ideologia,
expulsar Deus da sociedade, acaba-se por adorar ídolos e o próprio homem se sente
perdido, a sua dignidade é espezinhada e os seus direitos violados. Vocês sabem o
que significa ser privado da liberdade de consciência e da liberdade religiosa; esta
ferida gera uma humanidade radicalmente empobrecida, porque fica sem esperança e sem
ideais de referência”.
As mudanças ocorridas no século passado, a partir
da década de noventa, - recordou o Pontífice - criaram condições de uma efetiva liberdade
de religião, que levou as comunidades locais a reavivar, apesar das cruéis perseguições,
as suas tradições e a oferecer uma contribuição positiva para a reconstrução moral
do país.
Reconhecemos que “a intolerância para com quem tem convicções religiosas
diferentes, é um inimigo insidioso, que, hoje, infelizmente, se está manifestando
em várias partes do mundo. E o Papa advertiu:
“Como fiéis, devemos estar
particularmente vigilantes, para que a religiosidade e a ética, que vivemos com convicção
e que testemunhamos com paixão, se manifestem sempre com atitudes dignas, rejeitando
decididamente todas as formas que constituem um uso distorcido da religião. A religião
autêntica é fonte de paz e não de violência! Ninguém pode usar o nome de Deus, para
cometer violência. Matar em nome de Deus é um grande sacrilégio. Discriminar em nome
de Deus é desumano”.
Neste sentido, a liberdade religiosa não é um direito,
que deve ser garantido apenas pelo sistema legislativo vigente, mas um espaço comum,
um ambiente de respeito e colaboração, construído com a participação de todos, inclusive
dos não-crentes.
Aqui, o Santo Padre indicou duas atitudes para a promoção
da liberdade fundamental: primeiro, ver, em cada homem e mulher, não um rival ou inimigo,
mas um irmão e irmã. A tradição religiosa deve levar em conta a existência do outro;
segundo, comprometer-se com o bem comum e o crescimento da liberdade religiosa, para
enriquecer e servir a família humana! Por fim, o Pontífice exortou:
“Olhemos
ao nosso redor! Quantas necessidades dos pobres! Quanto as nossas sociedades precisam
encontrar caminhos para uma justiça social mais ampla, para um desenvolvimento econômico
inclusivo! Como o espírito humano precisa recuperar a esperança! Neste contexto, os
homens e as mulheres, iluminados por suas tradições religiosas, podem oferecer uma
contribuição importante e insubstituível. Eis um terreno fecundo também para o diálogo
inter-religioso”.
Ao término do encontro com os líderes das diversas Religiões
e Confissões cristãs, o Papa os convidou “a manter e desenvolver aquela tradição,
existente na Albânia, das boas relações entre as comunidades religiosas e a sentir-se
unidos no serviço à amada pátria da Albânia”. (MT)