2014-09-19 18:23:39

Reitor da Lateranense: "Se entrará na Sala Sinodal não com os livros, mas com os joelhos dobrados para suplicar a luz daquele que prometeu estar sempre conosco"


Cidade do Vaticano (RV) – “A troca de idéias e de opiniões é uma riqueza para todos”. Foi o que afirmou o Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, Dom Enrico dal Covolo, ao comentar a iniciativa dos 5 cardeais de publicaram um livro tomando posição no debate do Sínodo sobre divorciados em segunda-união, negando que seja possível modificar a práxis da Igreja em relação a este aspecto delicado.

“Sem esquecer que o centro do debate não é a comunhão aos divorciados e casados novamente, mas a família que tem necessidade de ser tutelada”, dal Covolo cita o Papa Francisco: “A família é o local em que Jesus nasce. Por isto o diabo quer destruí-la”. “A Igreja – explica o prelado salesiano à Agência AGI – não é uma comunhão de fotocópias. É bom e saudável que sobre questões complexas e desafiadoras - como o matrimônio e a família de hoje -, o confronto seja vivo e não necessariamente mórbido”.

O Reitor da Lateranense observa que “não foi diferente a situação no primeiro Concílio em Jerusalém, e nem também foi diferente no último, o Vaticano II. Os Cardeais agem sob a responsabilidade daquilo que o próprio Papa pede a eles: a colegialidade”. “Me fazem rir – confidenciou – aqueles que fazem uma leitura negativa deste debate assim aberto e vivaz. Não por acaso, João XXIII, no início do Concílio, teve que convidar a Igreja a ter esperança e confiança em Deus, abstendo-se dos ‘profetas aventureiros’”.

Ao ser interpelado sobre que ajuda poderia ser oferecida aos casais de segunda-união, o prelado afirmou não acreditar “que existam respostas fáceis e prontas para tudo e nem que a Igreja trate com leviandade esta questão. Nós todos sentimos uma dramática tensão entre o desejo de custodiar intacto aquilo que recebemos do Senhor e as inquietações e as expectativas do homem contemporâneo. Eis porque pessoalmente – revela –, acredito que no final se entrará na Sala Sinodal não com os livros, mas com os joelhos dobrados para suplicar a luz daquele que prometeu estar sempre conosco”.

Segundo o Reitor da Lateranense, em todo caso, “não é correto contrapor a extraordinária potencialidade do Sacramento da Confissão e a imutabilidade da Doutrina sobre o Sacramento do Matrimônio. O perdão de Deus é fogo que nos transforma interiormente, nós vamos à confissão em virtude das palavras do Senhor: ‘Sem mim nada podeis fazer’”. “Na confissão freqüente – acrescenta o prelado – os esposos são ajudados a cultivar uma espiritualidade da resistência, em uma cultura que torna o caminho cristão do amor cheio de obstáculos. O Papa Francisco acertou o alvo quando disse: ‘A família é o lugar onde Jesus nasce. Por isto o diabo quer destruí-la’”.

“Certamente não sou capaz de antecipar as conclusões do Sínodo, - acrescentou - mas nutro uma grande esperança nele. Gostaria de dizer, porém, que é fora da realidade pensar que o Sínodo sobre a Família se resuma no dilema ‘comunhão sim, comunhão não’”.

“Quanto ao caminho pastoral para as anulações – recordou ainda –Bento XVI abriu uma espiral neste sentido e estou certo que no Sínodo se falará sobre isto’”. “Pessoalmente, o vejo mais como um percurso integrativo que alternativo”, ressalta Dom dal Covolo. “O Papa Emérito indicou frequentemente aquela que para muitos é a questão crucial: a relação entre matrimônio e fé. Neste momento me vem em mente uma declaração sua, quando era Cardeal: ‘se deveria esclarecer se verdadeiramente todo matrimônio entre dois batizados é ipso facto um matrimônio sacramental. A essência do Sacramento pertence à fé’”.

“O que eu gostaria que saísse do Sínodo – afirmou ainda – é um forte impulso para os missionários do ideal cristão do amor. Uma Igreja missionária que anuncie a todos, sobretudo aos jovens, a beleza do amor duradouro”. Neste sentido, por fim, dal Covolo cita as palavras de Madre Teresa de Calcutá: “Muitas pessoas morrem, não por falta de comida, mas de amor”. “Aos diretores, aos romancistas, aos cantores, aos poetas – conclui o Reitor da Lateranense – gostaria de dizer: vos peço, dêem novamente aos homens a fé no amor”. (AGI – JE)









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