Alemanha: Semana Intercultural Ecumênica dedicada às migrações
Berlim (RV) - “Encontrar as coisas em comum, celebrar as diferença”. Este é
o tema da Semana Intercultural Ecumênica que se realizará na Alemanha de 21 a 27 de
setembro, informa o L’Osservatore Romano. Quem explica o significado e os objetivos
da iniciativa são os expoentes alemães da Igreja Católica, da Comunidade Evangélica
e da Igreja Ortodoxa, em uma mensagem, em grande parte dedicada ao dever em acolher
migrantes e refugiados, e na qual é salientado que “é tarefa principal dos cristãos
não perder nunca de vista as questões que dizem respeito à dignidade humana”, especificando
que “o compromisso em defesa dos direitos do homem é um dos fundamentos da nossa sociedade”.
A
Semana Intercultural – durante a qual será celebrado o Dia Mundial do Migrante e do
refugiado, no dia 26 de setembro – envolverá todo o país, com mais de 4.500 eventos
em 500 localidades diversas. Na capital Berlim, foi celebrado um culto ecumênico ontem,
quinta-feira, na Igreja Evangélica de São Paulo, com pronunciamento do Presidente
da federação alemã da Juventude Católica, Kristin Platek.
O Cardeal Arcebispo
de Munique e Freising e Presidente da Conferência Episcopal alemã, Reinhard Marx,
o Presidente do Conselho das Igrejas Evangélicas na Alemanha, Pastor Nikolaus Schneider
e o Metropolita Greco-Ortodoxo da Alemanha, Augoustinos (Lambardakis), escrevem na
mensagem que “em todo o mundo indivíduos estão sofrendo devido a conflitos violentos,
carestia, efeitos das catástrofes naturais. Por conseqüência, sempre mais pessoas
são obrigadas a se deslocar em busca de um abrigo seguro, enfrentando viagens perigosas”.
“Basta
observar – diz a mensagem – as terríveis imagens provenientes da Síria e da África
Central, do Sahara e do Mediterrâneo”. O destino dos refugiados que fogem destas áreas
não pode nos deixar indiferentes: “Como cristãos, devemos nos perguntar em qual parte
do mundo encontramos Jesus, onde ele nos coloca diante de nossas irmãs e irmãos”.
Os líderes religiosos observam que na Alemanha cresce o número de Paróquias
e, em general, de pessoas que se dedicam a acolher os refugiados. “Isto nos faz sentir
plenos de esperança e gratidão. Com esta forma de caridade ajudamos a nossa sociedade
a manter uma face humana”.
A ‘Interkulturelle Woche’ (‘Semana Intercultural’)
promovida pelas comunidades católica, evangélica e ortodoxa, foi precedida por um
culto ecumênico na tarde desta sexta-feira, na Catedral do Santo Eberardo, em Stoccarda.
O rito foi presidido pelo Bispo de Rottenburg-Stuttgart, Dom Gebhard Fürst, pelo Pastor
Frank Otfried, da Comunidade Evangélica luterana de Württemberg, e pelo Bispo Greco-ortodoxo
Vasilios (Tsiopanas).
Na Alemanha vivem pelo menos 60 mil sírios. “É natural
– afirmam em uma nota os componentes do Comitê organizador da Interkulturelle Woche
– que muitos daqueles que fogem das zonas de guerra queiram encontrar-se com seus
familiares, amigos ou conhecidos no exterior. Um desejo frequentemente frustrado pelos
rígidos procedimentos burocráticos e pelas limitações na obtenção de visto de estadia,
o contrário das mais elementares regras de boas-vindas, de uma verdadeira cultura
da solidariedade, que deveria prever “nenhuma restrição sobre a reunificação familiar,
livre circulação dos trabalhadores dentro da União Européia, acolhida aos refugiados
provenientes dos países em guerra”.
“Para vivermos juntos na sociedade das
migrações deve-se garantir que as diferenças não levem a disparidades de tratamento,
marginalização, exclusão”. A desigualdade, a discriminação e o racismo permanecem
como os principais obstáculos para o caminho da integração. (JE)