Fome no mundo diminui mas ainda são 805 milhões os desnutridos
Roma
(RV) – O relatório Estado da Insegurança Alimentar (SOFI) apresentado nesta terça-feira,
na sede da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO),
revela que na última década 100 milhões de pessoas sairam da condição de subnutridas.
Entretanto, hoje, no mundo ainda são 805 que não têm acesso a uma alimentação digna.
Destes, 791 milhões estão nos países em desenvolvimento. O diretor-geral da FAO, José
Graziano da Silva, analisa os novos números:
“É um progresso importante, estamos
a caminho de atingir a meta de desenvolvimento do milênio. Para se ter ideia, em média,
desde 1990, estamos reduzindo 0,5% ao ano o número de pessoas subnutridas, partindo
de pouco mais de 1 bilhão de pessoas [em1990]. Hoje, existem 805 milhões de pessoas
subnutridas. A meta seria atingida se nós conseguissemos aumentar esse 0,5% para 0,6%.
Um pequeno aumento já seria suficiente. Na verdade, se nós continuarmos com a redução
de 0,5% ao ano, nós vamos chegar perto da meta, com uma diferença de aproximadamente
entre 1 e 2%”.
América Latina
O relatório destaca também os avanços
no combate a fome na América Latina que, apesar do panorama positivo, ainda é a casa
de 30 milhões de pessoas que não conseguem se alimentar com dignidade. Ou seja, 5,1%
da população latino-americana passa fome.
“No caso da América Latina o progresso
vem, sobretudo, da América do Sul, onde os governos se comprometeram em erradicar
a fome até 2025 e colocaram em prática leis que asseguram o direito à alimentação”,
completou Graziano.
O exemplo do Brasil
As políticas públicas
de combate a fome no Brasil ganharam capítulo especial. O país não somente atingiu
a meta de desenvolvimento do milênio (diminuir pela metade a proporção de pessoas
que passam fome até 2015) assim como o objetivo mais árduo estabelecido pelo World
Food Summit em reduzir pela metade o número absoluto de pessoas que passam fome.
"Particularmente, no caso do Brasil isso chama muito a atenção. O Brasil,
por ter 200 milhões de habitantes, puxa os números [da América Latina] e o que nós
vimos no Brasil durante toda a década passada, a partir do ano 2000, foi um forte
decréscimo no número de pessoas subnutridas. Se tomarmos os triênios a partir de 2002,
o decréscimo é de -1,7%, em 2005-2007, passa a -5%, mantém-se em -5% em 2009-2012
e aumenta para -5,1% no período recente, de 2011-2013", finalizou o diretor geral
da FAO.