2014-09-13 12:16:28

Papa Francisco: Passar do 'a mim, que me importa?' ao pranto


RealAudioMP3 Redipuglia (RV) - Papa Francisco faz visita a Redipuglia, região de Friuli-Veneza Júlia, como uma peregrinação para lembrar as vítimas da I Guerra Mundial, os mortos de todos os conflitos, e para lançar uma mensagem de paz ao mundo. Nesta manhã de sábado (14), o Pontífice celebrou uma missa de sufrágio, no Cemitério Militar da cidade.

Logo no início da sua homilia, em missa que foi acompanhada pelos cardeais de Viena e Zagabria, além de bispos provenientes da Eslovênia, Áustria, Hungria, Croácia e das dioceses daquela região italiana, Papa Francisco declarou que “a guerra é uma loucura”.

"Enquanto Deus cuida da sua criação e nós, os homens, somos chamados a colaborar na sua obra, a guerra destrói; destrói até mesmo o que Deus criou de mais belo: o ser humano. A guerra transtorna tudo, incluindo a ligação entre irmãos. A guerra é louca, propõe a destruição como plano de desenvolvimento: querer desenvolver-se através da destruição!"

O Pontífice disse ainda que “a ganância, a intolerância e a ambição do poder são motivos que impelem à opção bélica”. Esses motivos, prosseguiu Francisco, são muitas vezes justificados por uma ideologia; “mas, antes dessa, existe a paixão, o impulso desordenado”.

"A ideologia é uma justificação e, mesmo quando não há uma ideologia, pensa-se: “A mim, que me importa?”. “A mim, que me importa?”. Tal foi a resposta de Caim: “Sou, porventura, guarda do meu irmão?”. A guerra não respeita ninguém: nem idosos, nem crianças, nem mães, nem pais. “A mim, que me importa?” Por cima da entrada deste cemitério, campeia irônico o lema da guerra: “A mim, que me importa?” Todas as pessoas, cujos restos repousam aqui, tinham seus projetos, seus sonhos, mas as suas vidas foram ceifadas. A humanidade disse: “A mim, que me importa?”"

Papa Francisco recorda que, mesmo hoje, depois do segundo falimento de outra guerra mundial, “talvez se possa falar de uma terceira guerra combatida ‘por pedaços’ com crimes, massacres, destruições”.

"Para serem honestos, os jornais deveriam ter como título da primeira página: “A mim, que me importa?” Caim diria: “Sou, porventura, guarda do meu irmão?” Essa atitude é, exatamente, o contrário daquilo que Jesus nos pede no Evangelho que ouvimos: Ele está no mais pequeno dos irmãos; Ele, o Rei, o Juiz do mundo, é o faminto, o sedento, o estrangeiro, o doente, o encarcerado. Quem cuida do irmão, entra na alegria do Senhor; quem, pelo contrário, não o faz, quem diz, com as suas omissões, “a mim, que me importa?”, fica fora."

O Santo Padre fez menção a tantas vítimas, ao pranto, tristeza e dor gerados por todas as guerras. E fez um questionamento em voz alta: “Como é possível isso? É possível, porque ainda hoje, nos bastidores, existem interesses, planos geopolíticos, avidez de dinheiro e poder; e há a indústria das armas, que parece ser tão importante!”.

"E estes planificadores do terror, estes organizadores do conflito, bem como os fabricantes das armas escreveram no coração: “A mim, que me importa?” É próprio dos sábios reconhecer os erros, provar tristeza por eles, arrepender-se, pedir perdão e chorar. Com essa disposição “a mim, que me importa?” que têm no coração, os negociantes da guerra talvez ganhem muito, mas o seu coração corrupto perdeu a capacidade de chorar. Aquele “a mim, que me importa?” impede de chorar. Caim não chorou. Hoje a sombra de Caim estende-se sobre nós aqui, neste cemitério. Vê-se aqui! Vê-se na história que vem de 1914 até aos dias de hoje; e vê-se também em nossos dias. Com coração de filho, de irmão, de pai, peço a vós todos e para todos nós a conversão do coração: passar daquele “a mim, que me importa?” para o pranto. Por todos os mortos daquele “inútil massacre”, por todas as vítimas da loucura da guerra de todos os tempos, a humanidade precisa chorar; e esta é a hora do pranto." (AC)








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