Arcebispo Marcianò sobre peregrinação do Papa a Redipuglia: recordar I conflito mundial
é advertência contra a guerra
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco realizará no próximo sábado, 13
de setembro, uma peregrinação ao Sacrário militar de Redipuglia, província de Gorizia,
na região italiana de Friul-Veneza Júlia, para rezar pelos caídos de todas as guerras.
A peregrinação do Santo Padre se dá por ocasião do centenário do início da I guerra
Mundial. O Pontífice, justamente para respeitar o caráter celebrativo do evento, não
utilizará o papamóvel em seus deslocamentos durante a visita. A Rádio Vaticano ouviu
o ordinário militar para a Itália, o Arcebispo Santo Marcianò, que nos falou sobre
o significado da visita:
Dom Santo Marcianò:- "Considero que a recordação,
com todas as celebrações e reflexões afins, da I Guerra Mundial seja uma advertência,
uma advertência forte: uma advertência – de um lado – para não perder a memória, porque
o mundo de hoje é um mundo 'desmemoriado', ou seja, sem memória; e, – de outro lado
– recuperando a memória, fazer de modo que se identifiquem percursos pedagógicos,
culturais, religiosos e antropológicos de realização em favor da paz."
RV:
Não se trata de uma ocasião somente para historiadores, não é um momento de festa
e de turismo acerca da I Guerra Mundial: primeiro o Papa visitará um cemitério, e
depois um sacrário militar...
Dom Santo Marcianò:- "Gostaria de ressaltar
que um sacrário – mesmo sendo um cemitério – é lugar sagrado por dois motivos: é lugar
sagrado porque ali repousam corpos humanos e o corpo humano é sagrado; é sagrado porque
neste lugar há a presença de Deus. O Papa escolheu ir a estes lugares para rezar,
poderia dizer, para encontrar o Senhor e para invocar d'Ele o dom da paz. E creio
que, de certo modo, esta é a palavra-chave. De fato, fala-se de peregrinação. Daí
a segunda dimensão desta peregrinação: a oração pelos caídos, a oração pela paz. Talvez
peça, também mediante a intercessão destes mortos, o dom da paz. Daí o tom, diria,
o estilo desta peregrinação, que me parece importante ressaltar. Não gostaria de contrapô-la
ao término festa ou à dimensão da festa, porque onde está o Senhor há sempre festa:
nós cremos na Ressurreição, aqueles mortos são mortos que vivem em Cristo. Porém,
aqueles aspectos um pouco mais exteriores, que habitualmente caracterizam a visita
do Papa, se procurará evitá-los justamente para evidenciar o sentido desta peregrinação,
o sentido desta visita. Não se usará o papamóvel... Buscar-se-á manter um tom – podemos
dizer – reflexivo, quase penitencial: ou seja, reconhecer que aqueles mortos não são
mortos naturais, mas são mortos causados por aquele horrível e inútil massacre que
foi a I Guerra Mundial." (RL)