Papa aos Bispos de Camarões: sim ao diálogo com os muçumanos; não à violência contra
cristãos
Cidade do Vaticano
(RV) – O Santo Padre concluiu sua série de audiências, na manhã deste sábado,
recebendo, na Sala Clementina, no Vaticano, os 31 Bispos da Conferência Episcopal
de Camarões, na conclusão da sua visita ad Limina Apostolorum.
Em seu
discurso aos Bispos camaroneses, o Pontífice disse que esta visita ao túmulo dos Apóstolos
lhes dá a oportunidade de renovar o seu encorajamento e a sua confiança, como também
enfatizar o espírito de comunhão que mantêm com a Sé Apostólica. Unidade e diversidade
são realidades que os levam a defender a riqueza humana e espiritual de suas dioceses.
O Papa Francisco expressou aos Bispos seu desejo de que possam manter uma
boa colaboração entre a Igreja local e o Estado camaronês, que assinou um acordo recente
com a Santa Sé. Aqui, o Papa os convidou a colocar em prática este Acordo, para o
reconhecimento legal de muitas instituições, por um maior benefício, não só da Igreja,
mas de toda a sociedade camaronesa.
Neste sentido, o Bispo de Roma reconheceu
o empenho considerável das Igrejas locais, com as suas muitas instituições de caridade,
de educação e saúde, reconhecidas e apreciadas pelas autoridades civis. O envolvimento
na obra social faz parte integrante da evangelização, devido a uma estreita ligação
entre evangelização e promoção humana.
Por isso, o Santo Padre encorajou os
pastores camaroneses a perseverarem a prestar maior atenção aos mais necessitados,
dando-lhes apoio, material e espiritual, envolvendo, sobretudo, os membros de institutos
religiosos e os movimentos leigos. A evangelização será mais eficaz na medida em que
o Evangelho for realmente vivido por aqueles que receberam esta missão.
Além
disso, recordou o Pontífice, a presença significativa de muçulmanos, em algumas dioceses,
se torna um convite urgente a testemunhar, com coragem e alegria, a fé em Cristo ressuscitado.
Estabelecer um diálogo de vida com os muçulmanos, num espírito de confiança mútua,
é essencial para manter um clima de convivência pacífica, como também evitar atos
de violência contra os cristãos, que continuam sendo vítimas em muitas partes do continente
africano. A seguir, o Papa pediu aos Bispos de Camarões a dar prioridade, na sua
missão, à ação de implantação e fortalecimento da fé nos corações dos fiéis. A formação
dos cristãos engajados é elemento essencial para o desenvolvimento do Povo de Deus,
sobretudo uma antítese ao relativismo e à secularização, que começam a criar raízes
na África. A presença dos muitos leigos, que atuam em paróquias e movimentos, é vital
para a transmissão da fé. Eis porque a sua formação deve ser sólida e permanente.
Por
outro lado, o Papa não deixou de focalizar, em seu discurso aos Bispos camaroneses,
o tema da família, que deve ser o foco de sua ação pastoral. Hoje, as famílias, de
modo particular, naquele país, enfrentam graves dificuldades, como a pobreza, a emigração
maciça, a falta de segurança, que as levam à tentação de voltar às práticas ancestrais,
incompatíveis com a fé cristã, e até a empreender novos estilos de vida de um mundo
secularizado.
Por fim, o Bispo de Roma recomendou aos Bispos camaroneses o
clero e o seu constante zelo apostólico, apesar das condições difíceis e de insegurança
em que atuam; o cuidado das vocações sacerdotais, que enfrentam todo tipo de adversidades
e tentações de poder, honra e lucro; e a vida consagrada, que deve ser encorajada
a dar testemunho profético e exemplo de reconciliação, justiça e paz. (MT)