"O que acontece na Nigéria é muito similar ao que acontece no Iraque", diz sacerdote
Abuja (RV) - "O que está acontecendo no nordeste da Nigéria é muito parecido
com o que aconteceu recentemente no norte do Iraque", afirmou à Agência Fides o sacerdote
Patrick Tor Alumuku, Diretor de Comunicações da Arquidiocese de Abuja, ao comentar
as recentes conquistas territoriais da seita islâmica Boko Haram, no norte no país.
"Como os guerrilheiros do Estado Islâmico no Iraque, Boko Haram iniciou há pelo menos
dois anos minar a moral da população e dos militares com uma série de atentados, sempre
mais espetaculares, para depois desferir o ataque voltado à conquista territorial",
afirmou.
"Começaram atacando as escolas, com a desculpa de que não querem a
educação ocidental, após atingiram as estações da polícia e em seguida passaram a
atacar os quarteis do exército", explicou o Padre Patrick. "Boko Haram, então, passou
a ter como alvos escritórios governamentais, de uma cidade a outra. Ao mesmo tempo
semeava o pânico colocando bombas nos mercados. Nada foi feito por acaso. Tratou-se
de uma atividade preparatória que durou um longo tempo, para passar em seguida à tomada
do controle do território. É muito parecido com o que aconteceu no Iraque", observa
o religioso.
"Os ataques às igrejas e aos cristãos faziam parte, portanto,
desta estratégia mais ampla voltada à conquista do território, 'liberado' da presença
dos cristãos, assim como ocorreu no Iraque", precisou Padre Patrick.
O Diretor
de Comunicações da Arquidiocese de Abuja recordou que "recentemente descobriu-se que
os financiamentos para o Boko Haram vem da península arábica, por meio da AQMI (a
Al Qaeda no Maghreb Islâmico). Algumas vezes, os fundos transitavam por alguns escritórios
de câmbio, o que levou o Banco Central da Nigéria a impor controles mais severos nesta
atividade".
Padre Patrick recorda que "para grupos como a Al Qaeda, a Nigéria
é um objetivo fundamental, pois é um dos países com o maior número de muçulmanos no
mundo. Mais da metade dos seus 170 milhões de habitantes é muçulmana. Os extremistas
esperam encontrar uma base forte a partir da qual poderão lançar ataques a outros
países africanos. Eu defendo, porém, que eles não têm consciência da complexidade
da Nigéria, um país formado por 36 Estados". (JE)