Cidade do Vaticano
(RV) - No nosso espaço dedicado ao Novo Catecismo, vamos falar na edição de hoje
da fé.
A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo
ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último da sua vida.
E justamente a fé, é a reflexão que o Pe. Gerson Schmidt nos traz no programa de hoje:
“Amado
ouvinte!
Apresentamos até aqui uma visão geral dos quatro capítulos do
Catecismo e dissemos que eles se unem entre si, numa harmonia muito perfeita. A partir
de agora tomaremos alguns temas bem específicos do primeiro capítulo, por um bom tempo.
Vamos começar pelo tema da fé, e que você pode acompanhar nosso aprofundamento a partir
do número 26 do Catecismo da Igreja Católica. Procure lá o número 26. Lembro que os
documentos da Igreja não citamos as páginas, mas o número do documento, pois cada
edição das editora tem sua paginação própria.
Como os nossos olhos
não podem ver se não tiverem luz ou se não for dia, dá mesma forma se dá a fé. Os
ouvidos, nada podem fazer, perdem sua função se não há som; assim é a nossa alma.
Se não recebe pela fé o Dom do Espírito Santo....Não adianta. Esta comparação é do
bispo Santo Hilário.
A fé supõe um querigma, um anúncio, uma boa nova
proclamada para que quem a receba possa crer. A palavra grega Kérigma tem o significado
de uma grande noticia que muda a pessoa que a recebe, como a noticia da cura de uma
doença. A pessoa que escuta essa novidade muda seu estado de ânimo. Dizem os latinos
assim: Fides auditus, ou seja, a fé vem pela pregação. É uma máxima de São Paulo,
na carta aos Romanos. Como haverão de acreditar se não houver alguém que pregue???
Antes de falar especificamente sobre a fé, precisamos aqui fazer uma
grande diferenciação, prezado ouvinte, entre evangelização e catequização, entre fé
e doutrina, entre anúncio e catequese. Somente podemos catequizar quem foi despertado
para a fé, pelo anúncio do querigma, da Boa Nova da Ressurreição de Cristo. Portanto,
este programa não tem sentido para quem não foi despertado para a fé. Supõe-se que
você ouvinte queira se alimentar com um alimento mais sólido a partir da fé que já
tenha recebido de alguém.
Vou dar dois pequenos exemplos. Primeiro:
os índios tinham um costume antigo de sepultar os seus mortos numa tumba mortuária
que era um vaso grande onde deitavam o corpo em forma de “U”. Essa forma lhes permitia
colocar alguma coisa ainda dentro daquela tumba, um grande vaso de barro. Acreditavam
que o morto necessitasse de alimento para essa viagem para outra vida. Então colocavam
frutas junto ao corpo do defunto. Agora vou fazer a comparação, preste atenção! Quando
queremos doutrinar sem a fé, somos iguais a esses índios antigos. Queremos dar alimentos
aos defuntos que não terão vontade nem capacidade de comer. Nós, muitas vezes supomos
a fé, disse já o Papa Bento XVI, na Encíclica Porta Fidei . Precisamos primeiro ressuscitar
pra fé, pelo anúncio, pela evangelização, pela proclamação da vitória de Cristo sobre
nossas mortes e porque não dizer, num termo atualíssimo, pela Nova Evangelização.
Segunda comparação, que é mais uma prática de Jesus no Evangelho, quando
ressuscita a filha de Jairo. Pode conferir em Lucas 8,41 seguintes. você vê nesse
episódio que Cristo primeiro ressuscita a filha de Jairo para depois dizer que dessem
de comer à menina. Com Lázaro disse para desatá-lo depois de o ressuscitar. Então,
precisamos primeiro ressuscitar as pessoas mortas e apáticas para depois dar alimentos,
desatar, mandar caminhar ou fazer isso ou aquilo na fé. Tantas e tantas vezes em nossas
paróquias damos alimento para quem não tem vontade de comer. Exigimos compromisso
de quem não quer condições de andar. Queremos doutrinar quem nem acordou ainda para
a fé. E o que é a fé? É o que veremos no próximo programa.
A paz e a
benção, amado irmão”
1Tratado da Trindade, Lib. 2,1.33.35: PL 10,50-51.73-75
– Sec.IV. 2 Cf. Rm 10,17. 3 FLORES, José H. Prado. Como
evangelizar os batizados, Loyola, 1991, p.184 Porta Fidei, 2.