Destruições em Gaza como as da II Guerra Mundial: testemunho de D. William Shomali
“Visitamos o Bairro Sajaya onde 80% das casas e dos prédios estão reduzidos a um amontoado
de escombros. Vimos coisas comparáveis somente a situações de cidades arrasadas durante
a Segunda Guerra Mundial”. É com esta imagem que o Vigário Patriarcal do Patriarcado
de Jerusalém dos Latinos, Dom William Shomali, sintetiza as impressões recolhidas
durante a sua breve visita realizada segunda-feira na cidade de Gaza, acompanhado
pelo Administrador Geral do Patriarcado, Padre Imad Twal e pelo Chanceler também do
Patriarcado, Padre George Ayoub.
Durante as poucas horas transcorridas em Gaza
(o check point de Eretz é fechado por Israel às 15 horas), a delegação patriarcal
encontrou os membros da pequena comunidade cristã local, junto ao sacerdote e religiosas
das três Congregações ativas na Faixa de Gaza – Instituto do Verbo Incarnado, Irmãs
do Rosário e Irmãs de Madre Teresa. O prelado e os dois sacerdotes católicos visitaram
o Bispo Greco-ortodoxo Alexios, que permaneceu em sua sede durante todo o período
do conflito.
A situação psicológica da população descrita por Dom Shomali revela
muitas sombras e poucas luzes: “De um lado – explicou ele à Agência Fides – as pessoas
estão aliviadas com o cessar fogo. Os pescadores, que estão autorizados a pescar até
seis milhas da costa, retornam a cada madrugada com cargas de peixe e às oito da manhã
já estão à venda. A possibilidade de poder encontrar comida com o trabalho das próprias
mãos e a perspectiva de poder encontrar um futuro, também com o trabalho nas obras
de reconstrução, ajudam a reacender um pouco a esperança”.
“Por outro lado
– observa Dom Shomali – os jovens aqui já viveram três campanhas militares contra
Gaza e cada vez a destruição é pior que nas vezes precedentes. Serão necessários muitos
anos para voltar à situação de antes. Isto alimenta desconforto e gera desconfiança
em relação ao futuro. Também dentro da pequena comunidade cristão, muito sonham ir
embora”. Os membros da delegação patriarcal não encontraram representantes políticos,
mas nas conversas com cristãos e muçulmanos puderam constatar um aumento na hostilidade
em relação à Israel. Ao mesmo tempo, não existe consenso no apoio ao Hamas. (Com Programa
Brasileiro)