A Igreja recorda Santo Agostinho, homem inquieto em busca da verdade
Cidade do Vaticano
(RV) – A Igreja recorda hoje Santo Agostinho, homem inquieto em busca da verdade,
filósofo e após Bispo de Hipona. Justamente a sua inquietação foi o traço destacado
pelo Papa Francisco no ano passado, ao presidir a Missa de abertura do Capítulo Geral
dos Agostinianos na Basílica romana de Santo Agostinho, no ‘Campo Marzio’. O patrologista
agostiniano, Padre Pasquale Cormio, explicou à Rádio Vaticano quais foram os frutos
amadurecidos a partir das palavras pronunciadas pelo Papa Francisco há um ano:
Pe.
Pasquale: “O Papa deixou a todos nós agostinianos uma tarefa, a de aprofundar
o tema da inquietude, e a declinou em três modalidades: a inquietude da busca espiritual,
a inquietude do encontro com Deus, a inquietude do amor. São três aspectos extrapolados
da vida de Agostinho e que ainda hoje são válidos. A inquietude expressa o desejo
de felicidade que está no coração do homem. E é o próprio Deus que coloca esta inquietude
no coração do homem, para que ele possa mover-se, com o desejo mais do que com os
pés, para poder buscar e possuir a verdade, isto é, Jesus Cristo. E como agostinianos
nós procuramos nos mover ao longo desta linha que foi traçada justamente pelo nosso
Santo Padre: a busca da verdade é busca da felicidade e posse da felicidade, mas a
felicidade nós a podemos encontrar na pessoa de Jesus Cristo”.
RV:
Agostinho recorda muito a inquietação do homem. Hoje, como aplacar a inquietude moderna?
Pe.
Pasquale: “É um caminho. A inquietude para Agostinho é justamente isto: é seguir
em frente. E a inquietude é alguma coisa que nos impele, porque num certo sentido,
interiormente, nos faz sentir sempre insatisfeitos. É este sentido de insatisfação
que nos permite também poder começar uma busca. Para Agostinho, a inquietude é estimulada
pela beleza da natureza, da Criação: são traços de sua presença que Deus deixa no
mundo. Assim como também, outra forma de inquietude é justamente aquele desejo, aquela
busca de verdade, de felicidade, que nós encontramos hoje no coração das pessoas.
Talvez, muitas vezes, não são capazes de encontrar aquilo que é o objeto, o significado
da felicidade. A busca de Deus parte sempre da busca do homem, e o homem dentro de
si encontra os sinais da presença de Deus. Desta forma, esta inquietude é um dom do
Senhor, para que o homem possa mover-se justamente na busca de Deus. Podemos dizer
assim: a beleza da natureza por um lado, e este sentido de insatisfação ou a busca
da felicidade que está no coração do homem por outro, podem ser dois elementos que
nos permitam também de aproximar – e muitas vezes assim ocorre – tantos jovens que
nem sempre conseguem encontrar um sentido nas suas vidas e acabam, como o Agostinho
dos primeiros tempos, por dissipar os dons que o Senhor nos deu. Um primeiro passo
para nós é saber reconhecer os dons que o Senhor colocou na nossa vida e por isto
louvá-lo”.
RV: Vocês, freis agostinianos, quiseram deixar um sinal
visível da visita do Papa Francisco no ano passado, em 28 de agosto: por que este
sinal?
Pe. Pasquale: “É seguramente também uma modalidade de agradecimento
de nossa parte, pela atenção e a generosidade que o Papa Francisco teve em relação
a nós, porque foi ele a nos propor presidir a celebração eucarística que abria o 184º
Capítulo Geral da Ordem Agostiniana. Assim, também para recordar esta generosidade,
esta atenção do Papa para com os agostinianos, quisemos colocar por escrito, em uma
lápide colocada na entrada da Capela de Santa Monica, na Basílica de Santo Agostinho
em Campo Marzio, Roma, justamente para deixar também para a posteridade esta memória
da presença do Papa em meio a nós”. (JE)