2014-08-21 19:21:44

Ébola: dos Estados Unidos, progressos na busca de uma terapia eficaz


O último balanço da Organização Mundial para a Saúde (OMS) sobre o Ébola fala de 1.350 esclarecendo que apenas em dois dias, 17 e 18 de agosto, foram 106. Num quadro assim preocupante, abrem-se duas janelas de esperança: a demissão do médico americano tratado com o soro experimental "Zmapp" e a hipótese de utilizar o plasma dos que curaram da doença, pois contém anticorpos contra o vírus. Para perceber em que consistem as transfusões de sangue e se elas podem ser uma válida ajuda para circunscrever a emergência, Paolo Giacosa entrevistou Fabrizio Pregliasco, virologista da Universidade dos Estudos de Milão.

Na prática, trata-se de uma imunoterapia passiva, ou seja, que fica curado mantém uma memória que se diz "anamnéstico", isto é, o estigma do que ele tenha sofrido como infecção produz anticorpos específicos. E é isso que também se fazia no passado com as imunoglobulinas hiperímunes, também contra a hepatite e outras patologias. Portanto, certamente, algo que, quando aplicado, pode ajudar a resposta imunitária do paciente. Além disso, a transfusão como tal ajuda na qualidade do sangue em circulação, porque um dos problemas que criam a gravidade da doença é uma alteração da coagulação do sangue em relação aos factores de coagulação afectados e às células afectadas pela doença. Portanto, uma ajuda quer em termos de apoio geral quer no sistema imunológico.

O último boletim da OMS regista 1.350 mortes, 106 só entre 17 e 18 de agosto, nos quatro países principalmente afectados, porque o Ébola é assim tão contagioso?

Na verdade, é contagioso sobretudo numa situação socio-ambiental, como a daquelas nações que, é importante reiterá-lo, são circunscritas. Hoje se tem formas de medo em relação a uma pessoa que vem de África, que é um continente: aqui trata-se de quatro Estados, uma centena de cidades circunscritas. O problema é que é uma doença que se transmite por contacto directo através dos fluidos biológicos da pessoa ou infelizmente também do cadáver, que permanece infeccioso. Portanto, é uma doença que facilmente se pode adquirir mas também facilmente controlável, porque não é como a gripe, para a qual basta passar no metrô e respirar o ar de quem respirou ar com vírus e que é, portanto, muito menos controlável. Esta patologia, muito grave pelas consequências, na verdade, num contexto hospitalar estruturado, poderia ser contida. Neste sentido, para eventuais casos importados, que talvez haverá, embora seja raro considero pouco provável que cheguem na Itália para além da gravidade da doença e da assistência no prognóstico para os doentes, que é sempre pesado, o controlo é viável.

Trata de um vírus que se pode vencer com básicas medidas de higiene que, infelizmente, parecem faltar nos países mais afectados. A difusão de luvas e desinfectantes na África poderia melhorar significativamente a prevenção?

O que a OMS disse em termos de sinalização de problema grave é sobretudo, não tanto para criar medo na "Senhora Maria" na província italiana, mas para garantir que a nível institucional sejam tomados os cuidados e, portanto, a vigilância de casos suspeitos, que devem ser bem monitorados, sem exceder com o medo da pessoa que veio da África, para a qual por um pouco de febre é rotulada injustamente. E certamente a ação mais eficaz está no território: materiais de higiene, informação, também no que diz respeito às práticas religiosas e aos funerais que, naturalmente, se não forem geridos de forma apropriada do ponto de vista da atenção aos fluidos biológicos do defunto, é triste dizê-lo, mas se tornam um risco.








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