Ébola: dos Estados Unidos, progressos na busca de uma terapia eficaz
O último balanço da Organização Mundial para a Saúde (OMS) sobre o Ébola fala de 1.350
esclarecendo que apenas em dois dias, 17 e 18 de agosto, foram 106. Num quadro assim
preocupante, abrem-se duas janelas de esperança: a demissão do médico americano tratado
com o soro experimental "Zmapp" e a hipótese de utilizar o plasma dos que curaram
da doença, pois contém anticorpos contra o vírus. Para perceber em que consistem as
transfusões de sangue e se elas podem ser uma válida ajuda para circunscrever a emergência,
Paolo Giacosa entrevistou Fabrizio Pregliasco, virologista da Universidade dos Estudos
de Milão.
Na prática, trata-se de uma imunoterapiapassiva, ou seja, que fica
curado mantémuma memóriaque se diz"anamnéstico",
isto é, o estigma doque eletenha sofridocomo infecçãoproduzanticorpos específicos.E é isso quetambém se fazia no passado com as imunoglobulinashiperímunes, tambémcontra
a hepatitee outras patologias. Portanto,
certamente,algoque,
quandoaplicado, podeajudara resposta imunitária dopaciente. Além disso, atransfusão como tal ajuda na qualidade do sangue em circulação,
porque um dos problemasque criamagravidade da doençaéuma alteraçãoda coagulação do sangueem relaçãoaos factoresde
coagulação afectados e àscélulas
afectadaspela doença. Portanto, umaajuda quer em termos deapoio
geralquer no sistema imunológico.
O último
boletim da OMS regista 1.350 mortes, 106 só entre 17 e 18 de agosto, nos quatro países
principalmente afectados, porque o Ébola é assim tão contagioso?
Na verdade,
é contagioso sobretudo numa situação socio-ambiental,
como a daquelas nações que, é importante
reiterá-lo, são circunscritas. Hoje
se tem formas de medo em relação a uma pessoa quevem deÁfrica, que é um
continente:aqui trata-se dequatro
Estados,uma centena decidadescircunscritas. Oproblemaé que éumadoençaque se transmiteporcontacto directoatravés dosfluidos biológicos dapessoaouinfelizmente também do
cadáver, quepermaneceinfeccioso.
Portanto, éuma doença que
facilmente se pode adquirir mas
também facilmente controlável, porque não
é comoa gripe, para a qual basta passar
no metrôe respirar oar
de quem respirou ar com vírus e que é, portanto,muito menoscontrolável.Esta
patologia, muito grave pelas consequências,
na verdade, num contexto hospitalar estruturado,
poderia ser contida. Neste sentido,para eventuais casosimportados,
que talvez haverá, embora seja raro– considero pouco provável
que cheguemna Itália–
para alémda gravidade da doençae da assistência no prognóstico para os doentes, que é
sempre pesado, o controloéviável.
Trata de um vírus que se pode vencer com básicas
medidas de higiene que, infelizmente, parecem faltar nos países mais afectados. A
difusão de luvas e desinfectantes na África poderia melhorar significativamente a
prevenção?
O que a OMS disse em termos de
sinalização de problema grave é
sobretudo, não tanto para criarmedo na"Senhora Maria" na província italiana,
mas para garantir que a nível institucional sejam
tomados os cuidados e, portanto, avigilânciade casos suspeitos, que devem ser bemmonitorados, sem exceder com o medo da pessoa
que veio da África, para a qual por um pouco de
febre é rotulada injustamente.E
certamentea ação maiseficazestá no território: materiais de higiene,
informação, tambémno que diz respeitoàs práticas religiosase aos
funerais que, naturalmente,se não forem
geridos de formaapropriada dopontode vista daatençãoaos
fluidosbiológicos do defunto, é triste
dizê-lo, mas se tornamum risco.