Erros históricos acirram disputas territoriais no Mato Grosso do Sul
Cidade do Vaticano
(RV) – O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) publicou recentemente Os dados
do relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil referentes a 2013”.
A
tendência é que as denúncias de aumento da violência, disputas territoriais e saúde
precária repercutam mais fora do que dentro do Brasil, com artigos e reportagens em
vários veículos de informação, inclusive da Santa Sé, como foi o caso da própria Rádio
Vaticano em suas inúmeras edições linguísticas e do jornal L’Osservatore Romano.
Um
dos dados mais preocupantes deste Relatório é a paralisação dos procedimentos de demarcação
das terras indígenas – paralisação que tem graves consequências para a vida das comunidades
indígenas.
Acirraram-se os conflitos em diversos estados da federação, tornando
ainda mais instáveis e precárias as condições de sobrevivência das famílias indígenas
acampadas na beira das rodovias ou daquelas comunidades cujas terras se encontram
em grande parte invadidas. Além disso, intensificaram-se as violências e ameaças de
morte contra indígenas que se mobilizam para reivindicar o início ou a continuidade
dos procedimentos demarcatórios.
O grave descaso do governo para com os direitos
territoriais indígenas gerou também novas investidas contra esses povos, protagonizadas
por grupos privados ou representantes públicos. Os dados coletados em 2013 evidenciam
a promoção, por particulares, de inúmeros eventos públicos com o intuito de
criminalizar as lutas indígenas e, ao mesmo tempo, desqualificar seus modos de vida.
No entender do Cimi, o governo federal deve ser responsabilizado pela trágica
realidade vivida pelos povos indígenas que não têm assegurada a posse de suas terras.
“O governo também age de modo conivente diante das invasões e da depredação dos recursos
naturais e é omisso nas suas obrigações constitucionais de fiscalizar, proteger e
assegurar o usufruto das terras pelos povos indígenas”, afirma o Presidente do Cimi,
Dom Erwin Krautler, Bispo da Prelazia do Xingu.
O Mato Grosso do Sul continua
sendo o Estado que mais viola os direitos indígenas, como nos confirma o Arcebispo
de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.