Papa, em Seul, na Missa de Beatificação de Mártires coreanos: na nossa sociedade raramente
se escuta o grito dos pobres
Neste sábado, 16. terceira jornada da sua visita à Coreia, depois da Missa celebrada
de manhã, em Seul, o Santo Padre visitou já, de tarde, em Kkottongnae, a uns 100 Km
de Seulum Centro de Recuperação de pessoas deficientes (foto final) e teve um encontro
com religiosas. O Papa tinha começado o dia com a Missa celebrada de manhã em
Seul, com uns 800 mil fiéis vindos de toda a Coreia. A celebração teve lugar numa
praça da cidade. Foram beatificados 124 mártires, todos eles da primeira geração de
vítimas da perseguição religiosa no país.
“Os mártires ensinam-nos o caminho”,
disse o Papa Francisco na homilia, em que destacou que seu legado contribuirá para
promover a paz e os valores humanos na Coreia do Sul e no resto do mundo.
O
Santo Padre destacou ainda o caráter leigo dos primeiros católicos da Coreia, onde,
diferentemente de outros países da Ásia o Evangelho não foi introduzido pelos missionários.
“Além
disso, o exemplo dos mártires ensina-nos a importância da caridade na vida de fé.
Foi a pureza do seu testemunho de Cristo, manifestada na aceitação da igual dignidade
de todos os baptizados, que os levou a uma forma de vida fraterna que desafiava as
rígidas estruturas sociais do seu tempo. Foi a sua recusa de separar o duplo mandamento
do amor a Deus e do amor ao próximo que os levou a tão grande solicitude pelas necessidades
dos irmãos”.
O seu exemplo – continuou o Papa - tem muito a dizer
a nós que vivemos numa sociedade onde, ao lado de imensas riquezas, cresce silenciosamente
a pobreza mais denigrante; onde raramente se escuta o grito dos pobres; e onde Cristo
continua a chamar, pedindo-nos que O amemos e sirvamos, estendendo a mão aos nossos
irmãos e irmãs necessitados, disse o Pontífice.
(texto integral da homilia
na Secção "Mensagens, homilias, documentos")
Concelebraram com o Santo Padre
o Arcebispo de Seul, Cardeal Yeom Soo-jeong, e o Cardeal Secretário de Estado Pietro
Parolin, Antes da celebração, o Papa Francisco passou pela ampla avenida de Sejong-daero
até a Praça de Gwanghwamun, onde se encontrava instalado o altar para a Santa Missa.
Entre
os presentes, havia cerca de 400 familiares de vítimas do naufrágio do ferry-boat
Sewol, que há semanas estão acampados em Gwanghwamun para protestar contra o governo
e exigir uma investigação independente. No seu trajeto, o Santo Padre deteve-se por
alguns momentos com alguns familiares para os saudar e abençoar.
O Papa começara
o dia com uma breve visita ao Santuário dos Mártires de Seosomun, um lugar histórico
no centro da capital onde foram executados os primeiros católicos coreanos.