Rio de Janeiro (RV) - No terceiro domingo do mês vocacional celebramos a vocação
religiosa. Quando nos referimos à vida religiosa temos presente os homens e mulheres
que vivendo em comunidade, buscam a perfeição pessoal e assumem a missão própria do
seu Instituto, Ordem ou Congregação. Na solenidade da Assunção de Maria ao céu,
a Igreja lembra que a Mãe de Jesus é modelo para todos os cristãos, e, de forma particular,
dos que se consagram a Deus pelos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência.
Hoje existem diferentes formas de vida consagrada, desde os que testemunham a fé em
comunidades, apostólicas, contemplativas e monásticas, até os que, pessoalmente, se
inserem nas realidades profissionais e evangelizadoras, e aí vivem sua consagração
e missão. Recordamos aqui os inúmeros Institutos Seculares. Na Igreja no Brasil
rezamos pelas vocações à vida consagrada no terceiro domingo de agosto. São João Paulo
II instituiu uma data especial para a comemoração da vida consagrada, dia 2 de fevereiro,
festa da Apresentação do Senhor. O fundamento evangélico da vida consagrada está na
relação que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos, convidando-os a colocarem
sua existência ao serviço do Reino, deixando tudo e imitando mais de perto a sua forma
de vida. A origem da vida consagrada está, pois, no seguimento de Jesus Cristo
a partir da profissão pública dos conselhos evangélicos. A referência vital e apostólica
são os carismas de fundação. Sua função consiste em dar testemunho de santidade e
do radicalismo das bem-aventuranças. Exige-se dos consagrados total disponibilidade
e testemunho de vida, levando a todos o valor da vocação cristã. São sinais visíveis
do absoluto de Deus através do sinal de Jesus Cristo pobre, casto e obediente. A
vida religiosa nasce em e para a Igreja. Nasce de sua vitalidade intrínseca, como
expressão máxima de si mesma, como sua “radiografia” ou seu “substrato” mais profundo.
Por isso, a vida religiosa não é algo marginal à Igreja, porém, ela mesma expressando-se
em sua pureza total, naquilo que é e naquilo que tende ser no Reino consumado. A
vida religiosa tem como missão expressar visível e socialmente a santidade da Igreja.
Por isso, por alguém foi definida “a profissão exterior da perfeição cristã” e afirma
que “não supera os compromissos do batismo, mas é sua complementação total e perfeita”
e que “neste estado a Igreja professa publicamente a perfeição à qual almeja conduzir
todos seus filhos” ainda “o que nele se vive não é um mero acessório, porém, o que
há de mais substancial na essência da Igreja”. A vida consagrada, em suas diversas
formas, tanto apostólica como contemplativa e monástica, é evangelizadora pela sua
própria existência. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil
dizem que a vida consagrada evangeliza na medida em que “vive radicalmente a experiência
cristã e testemunha a entrega total no seguimento de Cristo”. Não só, o melhor serviço
está na “força pastoral que lhe vem, sobretudo do fato de ser expressão do seguimento
de Cristo no meio do Povo de Deus que é sinal de esperança para ele”. Todo o religioso
deve sentir com a Igreja, imbuir-se dos seus problemas, estar a par de suas necessidades,
trabalhar fervorosamente no seu serviço e palmilhar suas orientações. Tal empenho
é como uma exigência prioritária do seu mesmo ser religioso, de sua consagração, que
o engaja no íntimo mistério da Igreja. A presença dos consagrados e consagradas
em nossas comunidades é significativa e imprescindível, pelo que são (a vida) e pelos
serviços que prestam nos diferentes campos pastorais. Os religiosos e religiosas encontraram
novas maneiras de viver em comunidades e de animar as comunidades eclesiais e as pastorais
específicas. Ou seja, em tudo a vida consagrada tem aprofundado sua consagração a
Deus na vivência dos conselhos evangélicos em vista da construção do Reino. Vamos
rezar pelos religiosos e religiosas, pelos consagrados e consagrados, para que sejam
entre nós sinais vivos e confiáveis do amor de Deus e de seu Reino. Com eles vamos
formar a grande comunidade, que é a Igreja, em sua missão de evangelização. Orani
João, Cardeal Tempesta, O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ.