O Papa se encontra com os jovens asiáticos e com eles reza pela unidade das duas Coreias
Salmoe (RV) - Na parte da tarde desta sexta-feira, segundo dia da Viagem Apostólica
à Coreia, o Papa Francisco se deslocou, de helicóptero, até o Santuário dos Mártires
Coreanos, em Salmoe, que dista 43 km. de Daejeon. Solmoe, situado numa pequena colina
de pinheiros, é a cidade natal de Santo André Kim Daejeon, primeiro sacerdote coreano.
Após
alguns momentos de oração diante do Santuário, o Bispo de Roma se encontrou com os
milhares de jovens, provenientes de 23 países da Ásia, por ocasião da VI Jornada da
Juventude Asiática, que tem como tema central “Juventude asiática, desperte. A
glória dos mártires resplandece sobre você”.
Depois de uma apresentação
artística indonésia, por representantes das cinco principais culturas do arquipélago,
três jovens de Camboja, Hong Kong e Coreia, apresentaram seus testemunhos pessoais
e dirigiram ao Papa algumas perguntas, em nome dos milhares de jovens presentes. A
seguir, o Papa Francisco tomou a palavra e, falando em inglês, partiu da expressão
de São Pedro, diante da Transfiguração do Senhor no Monte Tabor:
“Queridos
jovens amigos! É bom estarmos aqui!”… É realmente bom para nós estarmos aqui, juntos,
neste Santuário dos Mártires Coreanos, aos quais a glória do Senhor se revelou na
aurora da vida da Igreja neste país. Nesta grande assembleia, que reúne jovens cristãos
da Ásia inteira, podemos, de certo modo, sentir a glória de Jesus presente no meio
de nós, presente na sua Igreja, que abraça toda a nação, língua e povo, presente com
a força do seu Espírito, que torna todas as coisas novas, jovens e vivas”.
Dito
isto, o Pontífice agradeceu a calorosa recepção dos jovens, seu entusiasmo, os alegres
cantos, os testemunhos de fé e as lindas expressões da variedade e riqueza das suas
diferentes culturas. O Papa agradeceu, de modo particular, aos três jovens que partilharam
suas esperanças, inquietações e preocupações, as quais ele ouviu e meditou com atenção.
A seguir, o Papa Francisco passou a refletir sobre a segunda parte do tema
desta VI Jornada Asiática da Juventude: «A glória dos Mártires resplandece sobre
vocês». Como o Senhor fez resplandecer a sua glória, mediante o testemunho heróico
dos mártires, assim ele deseja que a sua glória resplandeça na vida dos jovens e,
por seu intermédio, ilumine a vida deste grande Continente.
Com efeito, disse
o Papa aos milhares de jovens presentes, hoje Cristo bate à porta dos seus corações;
convida-os a despertar-se, a permanecer bem atentos, a descobrir o que realmente conta
na vida. Mais ainda! Ele lhes pede para ir pelas estradas e caminhos do mundo e bater
à porta do coração dos outros, convidando-os a recebê-lo na sua vida. E acrescentou:
“Este
grande encontro dos jovens da Ásia permite-nos vislumbrar o que a própria Igreja é
chamada a ser no projeto eterno de Deus. Junto com os jovens de todas as partes, vocês
querem se comprometer com a construção de um mundo, onde todos convivem em paz e na
amizade, superando as barreiras, recompondo as divisões, rejeitando a violência e
os preconceitos. É isto que Deus quer de nós. A Igreja é germe de unidade para toda
a família humana. Em Cristo, todas as nações e povos são chamados a uma unidade, que
não menospreza a diversidade, mas a reconhece, harmoniza e enriquece”.
E
o Papa Bergoglio exclamou: “Como o espírito do mundo está longe desta magnífica visão
e deste projeto! Quantas vezes, as sementes de bem e de esperança, que procuramos
semear, parecem ser sufocadas pelo egoísmo, a inimizade e a injustiça, não apenas
ao nosso redor, mas também nos nossos corações.
Por outro lado, o Santo Padre
expressou sua preocupação pela crescente disparidade entre ricos e pobres nas nossas
sociedades. Vemos sinais de idolatria da riqueza, do poder e do prazer, que se obtêm
com custos altíssimos para a vida humana. Muitos dos nossos amigos e coetâneos, embora
circundados de prosperidade material, padecem de uma pobreza espiritual, solidão e
desespero silencioso.
Até parece, disse ainda o Pontífice, que Deus foi excluído
deste horizonte; é como se um deserto espiritual estivesse se alastrando pelo mundo.
Este deserto atinge também os jovens e lhes rouba a esperança e, por vezes, até a
própria vida.
No entanto, considerou o Bispo de Roma, este é o mundo no qual
vocês, jovens, são chamados a testemunhar o Evangelho da esperança, o Evangelho de
Jesus Cristo e a promessa do seu Reino; o Evangelho nos ensina que o Espírito de Jesus
pode renovar a vida no coração de todo o homem e transformar qualquer situação, até
aquela aparentemente sem esperança.
Esta é a mensagem que vocês são chamados
a partilhar entre seus coetâneos. E o Papa frisou:
“Queridos jovens amigos,
neste nosso tempo, o Senhor conta com vocês! Ele entrou nos seus corações no dia do
Batismo; deu-lhes seu Espírito no dia da Crisma; fortalece-os constantemente com a
sua presença na Eucaristia, para que vocês possam ser suas testemunhas no mundo. Estejam
prontos para dizer «sim» a Ele”.
Neste sentido, o Papa pediu aos milhares
de jovens para rezar em silêncio pela unidade das duas Coréias unificação da Península
coreana. E, a seguir, deu-lhes três sugestões sobre o modo de serem testemunhas autênticas
e jubilosas do Evangelho: primeira, confiar na força que Cristo lhes dá, sem nunca
perder a esperança na verdade da sua palavra e na força da sua graça.
Segunda
sugestão: permaneçam com o Senhor por meio da oração diária; adorem a Deus; extraiam
a alegria e força da Eucaristia e da Penitência; participem da vida das suas paróquias;
jamais se esqueçam do Evangelho do amor, da caridade, tomando parte das iniciativas
de caridade.
Terceira e última sugestão do Papa aos jovens: entre as tantas
luzes contrárias ao Evangelho, seus pensamentos, palavras e ações sejam sempre guiados
pela sabedoria da palavra de Cristo e pela força da sua verdade. Ele lhes ensinará
a avaliar bem todas as coisas e a conhecer o projeto que ele tem para vocês. Assim,
Ele lhes mostrará o caminho para a verdadeira felicidade e a plena realização.
Com
estas propostas aos jovens, o Santo Padre deixou o Santuário dos Mártires Coreanos,
em Solmoe, e regressou para a Nunciatura Apostólica de Seul, concluindo, assim, seu
segundo dia de atividades em terras coreanas. (MT)