Bagdá (RV) – No Iraque dominado pela violência dos jihadistas, se trabalha
duramente para a formação de um novo governo de unidade nacional, após a nomeação
do Primeiro-ministro Haider al Abadi. Enquanto isso, continuam os bombardeios estadunidenses
contra os milicianos do assim chamado Estado islâmico que teriam tomados como reféns
600 mulheres da minoria yazidi. Sobre a dramática situação no Iraque, a Rádio Vaticano
ouviu o testemunho de Dom Jean Benjamin Sleiman, Arcebispo de Bagdá dos Latinos:
R.
- As últimas notícias não são muito diferentes das primeiras. Há, antes de tudo,
a trágica situação de muitos cristãos e não-cristãos que perderam tudo. Muitos ainda
não encontraram abrigo. Agora temos um novo primeiro-ministro e esperamos que ele
possa fazer um governo que represente todos, mas isso também nos traz algum medo,
um certo temor. Esperamos que esta nomeação abra um novo caminho para a normalização
do país, porque o pânico continua presente.
P. - Neste momento, obviamente,
a primeira urgência é salvar vidas humanas, de cristãos, yazidis ...
R. -
Há também outra categoria da qual se fala pouco, são os curdos xiitas: também
eles foram atacados, expulsos. É outra minoria.
P. - Depois de tanta
inação do Ocidente, da comunidade internacional, agora existem esses bombardeios por
parte dos Estados Unidos, no entanto a situação é muito complicada na área?
R.
– Nós somos filhos da Igreja. Há um Papa que disse: “se fizerem a guerra contra
a humanidade, estão também fazendo guerra contra Deus. Não quero citá-lo textualmente,
mas é isso o que disse, João Paulo II, agora Santo. Não nos escondamos atrás do "politicamente
correto". O problema não é só daqui, vem também do Ocidente! Parem com esse "rolo
compressor" que quer mudar todo o Oriente Médio ... um projeto como o de Babel, da
Torre de Babel, vai acabar sempre com a fragmentação de pessoas, fragmentação de países
e comunidades ... Não devemos esconder: o problema vem de uma certa política internacional.
Aparentemente é um problema xiita-sunita, depois cristão-muçulmano: tudo isso não
é verdade!
P. - Há também uma grande frustração por parte dos cristãos,
de todos os iraquianos, porque esta guerra não termina nunca ...
R. – Não
termina nunca. Há muita gente honesta, muita gente que deseja viver em paz. Para fazer
a guerra é suficiente um grupo de “cabeças quentes”, que traz armas, mas a grande
maioria das pessoas quer viver honestamente, com dignidade. (SP)