Cardeal Parolin sobre viagem do Papa à Coreia: mensagem de Francisco será para toda
a Ásia
Cidade do Vaticano
(RV) - Nesta quarta-feira, às 16h de Roma (11h de Brasília), o Papa Francisco
parte do aeroporto de Fiumicino, iniciando assim a terceira viagem apostólica internacional
de seu Pontificado, viagem esta que o levará à Coreia. Um dos momentos principais
da visita, que se concluirá na próxima segunda-feira, 18 de agosto, será o encontro
com os jovens, reunidos em sua Jornada Asiática da Juventude. Qual será a mensagem
do Papa? Quem nos responde é o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, entrevistado
pelo Centro Televisivo Vaticano:
Cardeal Pietro Parolin:- "Diria que
a importância desta viagem está ligada essencialmente a três fatores: o primeiro é
que o Papa, pela primeira vez, vai ao Extremo Oriente, uma região do mundo que adquire
uma relevância cada vez maior na política e na economia mundial. O Papa irá para dirigir-se
a todo o continente asiático, não somente à Coreia. É claro, a viagem é à Coreia,
porém, tem como destinatários todos os países do continente, graças justamente a esta
celebração da Jornada Asiática da Juventude, que se realizará na Coreia e da qual
participarão representantes dos jovens dos países vizinhos. O terceiro aspecto é o
do futuro, a juventude representa o futuro. Portanto, o Papa se dirige ao futuro deste
continente, se dirige ao futuro da Ásia."
CTV: O coração da viagem será
o encontro do Papa com os jovens da Ásia, que muitas vezes, numa sociedade por demais
competitiva, se distanciam da Igreja buscando o sucesso na formação escolar. Qual
mensagem o Papa levará a esses jovens?
Cardeal Pietro Parolin:- "Creio
que a mensagem que o Papa levará a estes jovens é que eles devem se tornar protagonistas
da vida da Igreja. Isso significa uma presença ativa, partícipe, feita de colaboração
e de co-responsabilidade. A Igreja precisa dos jovens, nos recordava São João Paulo
II, nos recorda o Papa Francisco. Portanto, ser protagonista dentro da Igreja e protagonista
também na missão. Este é o chamado fundamental, os jovens devem se tornar evangelizadores
de seus coetâneos. Portanto, estamos sempre na linha da evangelização, e essa é a
mensagem que o Papa levará, além, naturalmente, da insistência a não deixar-se levar
pelos valores efêmeros de nossas sociedades e do nosso mundo, e de encontrar em Jesus
a verdadeira resposta a suas interrogações e inquietações."
CTV: Qual
testemunho os mártires coreanos que o Papa beatificará em Seul podem dar às jovens
gerações de católicos asiáticos?
Cardeal Pietro Parolin:- "Este é outro
motivo pelo qual o Papa vai à Coreia: para a beatificação dos 124 mártires coreanos.
Deve-se ressaltar o fato que dentro deste grupo há somente um sacerdote, todos os
outros são leigos, que exerciam as mais variadas e diferentes profissões, das mais
humildes às profissões mais elevadas na escala social, e isso nos reconduz a uma das
características da Igreja coreana, ou seja, o fato que é uma Igreja nascida do testemunho
e do compromisso dos leigos, que souberam conservar e transmitir a fé. Creio que essa
é a mensagem fundamental, isto é, que na Igreja todos são chamados a colaborar na
missão de anunciar o Evangelho e todos somos chamados à santidade, uma santidade que
se pode manifestar de várias formas, mas que deve caracterizar o compromisso de cada
um."
CTV: O Papa concluirá sua viagem à Coreia – que os bispos definem
como sendo "a última vítima da guerra fria" – com uma missa pela paz e a reconciliação.
Esta viagem poderá abrir novos canais de diálogo entre os líderes das duas Coreias
e dar esperança aos católicos da Coreia do Norte?
Cardeal Pietro Parolin:-
"Essa sempre foi a grande esperança da Santa Sé, que se empenhou também concretamente
nesta direção. É uma constatação mais do que óbvia de que a península é ainda atingida
por muitas tensões e de que a península precisa de paz e de reconciliação. Creio que
a viagem do Papa ajudará também neste sentido, no sentido de continuar nessa obra
de solidariedade – em prol das populações que se encontram necessitadas – e de favorecer,
na medida do possível, aberturas de espaços de comunicação e de diálogo, porque creio,
e é uma convicção que o Papa reiterou várias vezes, que somente através deste diálogo
se podem também resolver os problemas que ainda existem, e que, se houver boa vontade
por parte de todos, canais se encontram sempre." (RL)