2014-08-11 18:30:28

Iraque: terror e indecisão


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Bagdá (RV) - No Iraque, centenas de pessoas pertencentes à minoria religiosa dos Yazidi, foram mortas e jogadas em valas comuns, muitas delas ainda vivas. Entre as vítimas, muitas mulheres e crianças. O governo iraquiano acusa os milicianos do Estado Islâmico de crimes de guerra cometidos contra as minorias no norte do Iraque.

O Ministro para os Direitos Humanos do Iraque, Mohammed Shia Al Sudani, afirmou “possuir provas irrefutáveis fornecidas por grupos de yazidis em fuga de Sinjar. Os sobreviventes – referiu Al Sadani – falaram de ‘crimes horríveis’ cometidos por grupos do estado Islâmico”.

Fontes locais falam de centenas de crianças mortas de sede, desidratadas por causa do calor e disenteria. As mesmas fontes informam que cerca de 200 mil yazidis conseguiram fugir em direção ao norte, chegando às cidades curdas de Dahuq e Zakho, mas dezenas de milhares ainda estão cercados, especialmente nas montanhas.

Neste domingo, em visita a Bagdá, o Ministro do Exterior francês, Laurent Fabius, afirmou diante do drama dos yazidis, que “é necessária uma resposta comum a este terrorismo”. Os ataques estadunidenses contra posições jihadistas continuam. As incursões dos caça-bombardeiros permitiram a reconquista das cidades estratégicas de Guwair e Makhmur, localizadas ao longo da estrada que leva aos poços petrolíferos de Kirkuk.

O Exército iraquiano, por sua vez, lançou duas contra-ofensivas: uma a oeste de Bagdá, na região de Al Bakri e outra do Distrito de Muqdadiya, nordeste da capital. O Presidente da região autônoma do Curdistão, Massud barzani, após ter destacado a eficácia dos ataques estadunidenses, pediu a Washington para fornecer aos peshmerga (combatentes curdos) as “armas necessárias”.

Já no plano político, o Iraque vive um momento crítico. No domingo, o Primeiro-Ministro, o xiita Nouri al Maliki – que não pretende renunciar à tentativa de formar pela terceira vez um Governo – pediu ao Parlamento que acuse o Presidente do país, o curdo Fuad Masum, de “violação das Constituição”. Al Maliki sustenta que Masum teria violado a lei ao não ter lhe informado e à sua aliança o encargo de formar um novo Executivo. Após a tomada de posição do Premier, os Estados Unidos expressaram pleno apoio ao Presidente.

Nas eleições legislativas de 30 de abril passado, o partido de Al Maliki conquistou 92 cadeiras das 328, muito longe das 165 necessárias para obter uma maioria simples. Desde então, Al Maliki não conseguiu formar uma coalizão para obter a confiança do novo Parlamento, que tomou posse no início de julho.

Após o encontro realizado no último sábado com o Ayatollah Ali Al Sistani – a máxima autoridade espiritual xiita no Iraque - o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Dom Louis Raphaël I Sako, alertou em uma coletiva de imprensa para a necessidade de acelerar a formação de um novo Governo, para evitar “perigosos vazios de poder”. Ao mesmo tempo, o Patriarca recordou o grande sofrimento que estão vivendo os cristãos obrigados a fugir das sangrentas violências perpetradas pelos jihadistas.

O Rei da Jordânia, Abdullah II Ibn Al Husayn, defendeu que o povo iraquiano tem a capacidade de superar os difíceis desafios e, ao mesmo tempo, desejou um Governo inclusivo, onde cada componente esteja representado, de modo a permitir a todos os iraquianos de sentirem-se “companheiros reais” no trabalho pelo futuro do país. (Osservatore Romano – JE)








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