"A visita do Papa à Coreia é um vulcão que vai despertar os jovens à missão", diz
Bispo de Daejeon
Daejeon (RV)
- Contagem regressiva para a chegada do Papa Francisco à Coréia do Sul, que deverá
encontrar, na sexta-feira, 15, milhares de jovens reunidos na VI da Jornada da Juventude
Asiática, iniciada neste domingo, 10, na Diocese de Daejeon. Dom Lazzaro You Heung-sik,
encarregado pelos Bispos coreanos de preparar o encontro dos jovens e autor do convite
para o Papa participar, afirmou que a visita do Santo Padre à Coréia é "um vulcão
que vai despertar os jovens à missão".
A idéia de um pontífice visitar a Coréia,
após 25 anos, partiu justamente de Dom You, que em carta endereçada a Bergoglio, convidou-o
para participar da Jornada da Juventude Asiática: "Eu soube que o Papa Francisco no
verão, em agosto, permanece em Roma, lendo livros, escutando música, escrevendo -
explicou o Bispo à Asianews. Então me veio a idéia: como seria bonito se o Papa viesse
em agosto à Coréia, para participar da Jornada!”.
Ao constatar que estariam
presentes pelo menos 2 mil jovens, em uma belíssima experiência, Dom Lazzaro viu que
era necessário também chegar àqueles jovens "não tão fáceis de encontrar". E para
isto, seria necessário fazer nascer uma nova evangelização voltada aos jovens. "Mas
para fazer isto – disse ele -, é necessário movimentar os bispos e os sacerdotes.
Eu não poderia fazer isto, mas o Papa sim!".
O prelado de 63 anos, contou ter
escrito a Francisco, ter falado com o Cardeal Parolin, com o Substituto da Secretaria
de Estado Angelo Becciu, com o Cardeal Filoni e com o próprio Papa. E a resposta não
tardou: "Quando li a sua carta - conta o Santo Padre - senti um sopro no coração:
devemos ir à Coréia! Imediatamente perguntei a Dom Becciu se naquele período tínhamos
algum compromisso assumido e vi que estava livre".
A preparação para o encontro
dos jovens não foi fácil, pois incluía, entre outras dificuldades, a liberação de
vistos: "Somente quem vem do Japão, Hong Kong e Taiwan não tem necessidade de visto",
explicou o bispo. "Mas no dia 15, o Papa estará aqui - comemorou ele. Antes de seu
pronunciamento, três jovens, um chinês de Hong Kong, um cambojano e um coreano vão
dizer algumas palavras. Depois será a vez de Francisco. Penso que ele será como um
vulcão: vai colocar fogo no coração destes jovens!".
Falando sobre as dificuldades
da juventude no país, Dom You explicou "que mais do que em outros países, na Coréia,
desde a escola elementar, os jovens são incentivados à competição, a vencer sempre,
a superar os outros. Ter um bom título de estudo - observou - conta muito na sociedade
confuciana e insere na hierarquia social, em nível sempre mais alto. A primeira comunidade
cristã na Coréia - explicou - era famosa, pois graças ao Evangelho, não fazia distinção
entre nobres e gente comum, entre rico e pobre. Esta superação das classes foi uma
contribuição que a Igreja deu à nação".
A viagem do Papa à Coréia, além de
despertar os jovens para a fé, servirá também para lançar a Igreja coreana na missão
na Ásia e no mundo, afirmou Dom You: "O continente asiático tem muitas culturas e
religiões, mas, onde a cultura é evangelizada, passa a existir uma vida melhor, a
sociedade adquire expressões mais humanas". Mas adverte, que "a evangelização não
deve ser feita com poder, mas com um estilo mariano, materno, humilde, serviçal. Todos
esperam este testemunho: os coreanos e os asiáticos têm grande desejo de Deus".
Dom
You diz ainda que a fé cristã contribui ao conceito de pessoa: "na sociedade asiática
- observa - não se trata o ser humano como uma pessoa, plena de dignidade, de direitos.
Entre nós existem somente grupos, clãs, etnias, associações com objetivos limitados".
Deste modo, os conceitos de história, pessoa e comunidade existentes na sociedade
asiática são importantes a serem inculturados, pois através deles pode se transformar
as pessoas e a sociedade, o que se faz, oferecendo um modelo, e "os mártires coreanos
são um modelo para nós". (JE)