2014-08-09 12:50:49

Libaneses solidários ajudam irmãos iraquianos


Baabda (RV) – Expulsos do Iraque pelos jihaidistas do Estado Islâmico, muitos cristãos passaram as fronteiras e agora tentam esquecer seu calvário vivendo ao lado de seus irmãos libaneses. O arcebispado caldeu no Líbano se encontra na localidade de Baabda, fora da capital, e se transformou num centro de acolhida para os cristãos iraquianos que fugiram do país, especialmente da cidade de Mossul.

Nesta e em outras cidades do norte do Iraque, extremistas sunitas tomaram o controle e ameaçaram de morte os cristãos que não se converteram ao Islã. Assim, não houve outro remédio senão a fuga.

A imigração dos cristãos iraquianos, uma constante desde o início da invasão estadunidense em 2003, teve um incremento depois que no último dia 10 de junho, os radicais ocuparam Mossul.

“Não sabemos o número exato de iraquianos cristãos que fugiram do Líbano, pois muitos não se registram, mas calculamos que são 2 mil famílias, desde 2003”, afirma o bispo caldeu de Beirute, Dom Miguel Kassargi. Descendente de uma família que teve vários membros massacrados pelos turcos no século passado, o bispo acrescenta que estão fazendo tudo o que podem para ajudar os fugitivos iraquianos.

Dom Miguel se mostra crítico com a comunidade internacional por sua inação diante do que está acontecendo no Iraque e em outros países do Oriente Médio, onde poucos cristãos estão sobrevivendo. No início do século XX representavam 20% da população da região; hoje se estima que são apenas 5%.

Roy Merhab, encarregado de coordenar a ajuda enviada à sede episcopal para os iraquianos, se declara ‘impressionado’ com o estado em que chegam, desprovidos de tudo, “já que lhes roubaram tudo o que tinham”.

“Todos têm medo e asseguram que não querem voltar ao Iraque até que a situação continuar assim”, explica Merhab, explicando que alguns voluntários distribuem ajudas alimentares e outros hospitalizam os que precisam, inscrevem as crianças em colégios e oferecem apoio psicológico.

O Governo libanês não considera os iraquianos refugiados e os trata de modo diferente dos sírios, que fogem da guerra civil. Aos iraquianos é dado um visto renovável de 15 dias, e alguns são presos por permanecer ou trabalhar de modo ilegal. “Eles só querem viver de modo digno e sem medo, e não mendigar”, aponta.

Entretanto, o arcebispado recebe ajudas de famílias libanesas que levam alimentos e gêneros de necessidade aos refugiados. Uma doadora, identificada como Claire, relembra o conflito civil que sofreram na pele entre 1975 e 1990, e declara: “Temos que cooperar porque sabemos o que é uma guerra e não se pode esquecer que pode acontecer de novo conosco”.
(EFE - CM)








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