Cidade do Vaticano (RV) – Terceira viagem Apostólica
internacional do Papa Francisco; depois do Rio de Janeiro e da Terra Santa, agora
o “homem que veio do fim do mundo” vai para um mundo distante do nosso, vai ao extremo
Oriente, seu destino é a Coreia do Sul. O Pontífice está ultimando os seus preparativos
para, com sua maleta de mão, embarcar no avião que o levará à Coreia onde permanecerá
de 14 a 18 próximos. Um país que teve a alegria de receber São João Paulo II duas
vezes: a primeira em maio de 1984 e a segunda, em outubro de 1989, quando da realização
do Congresso Eucarístico Internacional. Desde os primeiros momentos do anúncio
oficial da visita o povo dessa nação, - católicos e não-católicos -, expressou a sua
alegria e satisfação pela chegada do Papa, um personagem muito estimado naquele país. As
primeiras reações dos próprios meios de comunicação locais e asiáticos falam de uma
visita que representa, além da confirmação da fé para os fiéis católicos, de uma espécie
de “vitória” da diplomacia sul-coreana que durante anos esperava uma visita do Papa;
uma nação onde a Igreja Católica viu seu nascimento através do sangue de milhares
de mártires. De fato, um dos motivos pelos quais Francisco irá à Coreia é precisamente
a beatificação de 124 mártires coreanos que deram a sua vida por Cristo e pela fé
cristã durante a perseguição no final do século 18: em 1984 o Papa João Paulo II canonizou
103 mártires, entre eles Santo André Kim Dae-gon (o primeiro sacerdote, o primeiro
mártir e o primeiro santo sul-coreano), patrono da Igreja coreana. E dos mártires
passamos ao outro motivo que leva o Santo Padre ao extremo Oriente: a VI Jornada Asiática
da Juventude, que se realizará na Diocese de Taejon com o lema: “Jovens da Ásia, despertem!
A glória dos mártires resplandece sobre vocês”. Certamente, um momento que irá fazer
com que Francisco retorne com seu pensamento e coração à JMJ do Rio, onde ele se encontrou
com mais de 3 milhões de jovens provenientes de todas as partes do mundo e indicou—lhes
o caminho a seguir: ide, sem medo, para servir. Sem fazer uma comparação entre
os dois eventos a Jornada dos jovens asiáticos tem um volume de presença muito inferior,
mas não menos intenso. Serão cerca de 2 mil jovens provenientes de cerca 29 países. O
Papa quer rezar com os jovens da Ásia, porque sabe que eles podem se transformar em
apóstolos da paz; quer rezar com as famílias, fundamento da sociedade e da Igreja;
quer encontrar os bispos e sacerdotes e confirmá-los na sua missão de evangelizadores.
A Igreja sul-coreana é a primeira da Ásia a acolher Francisco, que através da
Jornada da juventude se comunicará com os jovens deste grande continente, definido
por João Paulo II, a primavera da Igreja Católica no Terceiro Milênio; será uma espécie
de porta para a evangelização da Ásia. Um sinal negativo nesta viagem, a não participação
de fiéis da Correia do Norte, aos quais não foi permitido pelo governo de Jim Il-sung
participar na missa que o Papa celebrará dia 18 de agosto na Catedral Myeongdong.
Sim porque o Pontífice vai à Coreia para rezar também pela reconciliação da península,
um tema sobre o qual a Igreja coreana tem repetidamente mostrado particular interesse
e dedicação. Francisco vai entregar uma mensagem de paz e reconciliação às duas partes.
O Papa - esperam em muitos -, poderá contribuir para a paz nesta terra que já sofreu
tanto, e continua sofrendo pela divisão entre norte e sul. A Coreia, com a visita
do Papa estará novamente no centro do interesse do mundo, pois cada visita papal é
sempre considerada um evento de importância mundial. A escolha de Francisco de
como primeiro país da Ásia visitar a Coreia, um país dividido, é a expressão evidente
do seu desejo de paz. O Papa vai também a essa terra para rezar pela paz e reconciliação,
uma ferida aberta no coração do povo coreano. A visita chama também a atenção de
líderes de outras religiões que dão as boas-vindas ao Sucessor de Pedro. Durante a
Conferência dos Religiosos para a Paz, que se realizou em 2 de Abril passado, líderes
protestantes, anglicanos, budistas, confucionistas tornaram pública uma declaração
em que se afirmam “felizes pela visita do papa, que certamente promoverá o diálogo
inter-religioso”. A Igreja coreana que receberá Francisco é uma igreja que continua
a crescer. Segundo os dados da Conferência Episcopal, os católicos no país somam cerca
de 5 milhões e 400 mil, o que corresponde a 10,4% da população, de 48,6 milhões de
pessoas. As dioceses são quinze. No próximo dia 14 quando tocará a terra coreana,
Francisco levará em sua bagagem todo o amor do Sucessor de Pedro a uma terra onde
a fé cristã nasceu do sangue dos mártires, e onde as esperanças de reunificação, de
vida em comum com a realidade do Norte, ainda são latentes e fortes. O Papa vai para
confirmar nossos irmãos na fé e para fazê-los se sentirem partícipes de uma fé vivida
e partilhada por milhões de pessoas em todas as partes do mundo. Como peregrino Francisco
vai tocar os corações e ser tocado pelo amor dos fiéis do extremo Oriente, artífices
de uma verdadeira Nova Evangelização. Uma viagem para que a Coréia e toda a Ásia conheçam
a paz do Senhor e uma oportunidade para que os pobres, os marginalizados, voltem a
ter esperança. (Silvonei José)