Relator da ONU acusa governo vietnamita de graves violações da liberdade religiosa
Nova York (RV) - Um enviado da ONU em missão no Vietnã acusou o governo de
"graves violações" da liberdade religiosa e disse que a polícia do país asiático usou
pressões e intimidações contra pessoas que ele queria encontrar durante suas investigações.
-A viagem de Bielefeldt ao Vietnã realizou-se de 21 a 31 de julho, mas suas visitas
programadas nas províncias de An Giang, Gia Lai e Kon Tum, infelizmente, foram interrompidas
de 28 a 30 de julho, reporta a agência missionária Misna.
O relator especial
da ONU sobre a liberdade de religião, Heiner Bielefeldt, disse ter recebido "informações
críveis" de que algumas pessoas com as quais gostaria de encontrar-se acabaram sob
forte vigilância, receberam intimidações, afrontas ou não puderam viajar por causa
da intervenção da polícia".
Segundo fontes da imprensa local, o porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores do Vietnã, Le Binh Hai, disse que as declarações
de interferência feitas pelo enviado especial da ONU são conseqüência de um "mal-entendido".
Bielefeldt
reconheceu que o governo comunista está aumentando os esforços para melhorar a liberdade
de religião, mas, ao mesmo tempo, declarou que durante sua visita pôde observar que
"graves violações da liberdade de religião ou de credo são ainda uma triste realidade"
no Vietnã.
Bielefeldt disse que as violações atingiram, em particular, grupos
independentes de budistas, como o movimento Hoa Hao, fiéis do credo Cao Dai, bem como
comunidades protestantes e ativistas da Igreja Católica.
Hanói reconhece oficialmente
pouco mais de dez religiões num país de 90 milhões de habitantes, mas as religiões
não registradas são proibidas.
O enviado da ONU ressaltou que as comunidades
religiosas no Vietnã deveriam poder atuar mesmo fora dos canais oficialmente estabelecidos
para a prática religiosa. "Na situação atual, a capacidade de atuar das comunidades
independentes é perigosa e limitada", frisou.
Bielefeldt encontrou na capital
Hanói e em Ho Chi Minh City vários funcionários do governo e autoridades locais, bem
como representantes das comunidades religiosas reconhecidas e não reconhecidas e expoentes
das organizações da sociedade civil e das Nações Unidas. Em 2015 ele apresentará ao
Conselho dos direitos humanos da ONU um relatório com suas conclusões e recomendações.
(RL)