2014-07-28 14:31:49

Papa encontra os sacerdotes de Caserta


Caserta (RV) – O Papa Francisco, como primeiro momento de sua visita à cidade de Caserta, no sul da Itália, na tarde do último sábado, teve um encontro com os sacerdotes daquela Diocese na Capela Palatina no Palácio real da cidade. Estavam também presentes dos 19 Bispos da Região da Campânia, que ele saudou pessoalmente um a um, antes de falar aos sacerdotes. Presentes os 123 sacerdotes da Diocese de Caserta que receberam o Papa com uma forte salva de palmas. O Papa disse logo que tinha um discurso preparado, mas preferiu conversar com os padres respondendo a cinco perguntas sobre temas eclesiais: fraternidade sacerdotal, como se pode viver hoje um padre diocesano, também à luz dos ensinamentos de Francisco.

Foi um intenso diálogo que durou mais de uma hora em um clima de grande familiaridade, com piadas e risos de coração: assim foi a conversa do Papa com os sacerdotes de Caserta, o primeiro evento de sua visita à cidade.

O Papa respondeu com grande liberdade e destacou dois aspectos: a criatividade e a proximidade com as pessoas e com a realidade do lugar, numa dimensão de diálogo, também com quem está afastado da Igreja, sem renunciar à própria identidade, mas com a certeza que não se pode afastar sem mais nem menos o que afirmam e pensam os outros. As outras perguntas foram sobre as relações entre o bispo e o sacerdote, o dever do sacerdote de estar ao lado do bispo, mas também o dever do bispo de estar próximo de seus sacerdotes.

O Papa Francisco perguntou aos presentes qual é o perfil do sacerdote do Terceiro milênio. Por primeiro – disse -, é a criatividade:

“Se queremos ser criativos no Espírito, isto é no Espírito do Senhor Jesus, não há outro caminho senão a oração. Um bispo que não reza, um padre que não reza, fecha a porta, fecha o caminho à criatividade”.

“Não a criatividade à sans façon (sem cerimônia) e revolucionária - disse - porque hoje está na moda fazer o revolucionário; não, isso não é do Espírito. Mas quando a criatividade vem do Espírito e nasce na oração, pode trazer problemas, como aconteceu, por exemplo, ao Beato Rosmini: “escreveu “As Cinco Chagas da Igreja”, e foi um crítico criativo, porque rezava.

A oração nos abre a Deus e ao próximo: “não deve ser uma Igreja fechada em si mesma, que olha para o umbigo, uma Igreja auto-referencial, que olha para si mesma e não é capaz de transcender”. É necessário sair de si mesma, para estar perto de outras pessoas, sem se assustar de nada. “O homem de Deus não tem medo”. E a proximidade - observou - significa diálogo. “O diálogo é muito importante, mas para dialogar duas coisas são necessárias: a própria identidade como ponto de partida, e a empatia com os outros”.

Em seguida afirmou que o padre diocesano deve ser um “contemplativo”, embora de uma maneira diferente de um monge:

“O sacerdote deve ter uma ‘contemplatividade’, uma capacidade de contemplação seja de Deus, seja dos homens. É um homem que olha e que enche seus olhos e seu coração desta contemplação: com o Evangelho diante de Deus, e com os problemas humanos diante dos homens”.

Fundamental é também o relacionamento do sacerdote com o seu bispo e com os demais sacerdotes do presbitério. “Não há espiritualidade do padre diocesano sem essas duas relações”. Certamente – sublinhou – nem sempre è fácil estar de acordo com o bispo, mas o importante é ter um “espírito de liberdade”. É preciso ter a coragem de dizer “eu não penso assim, penso diversamente, e também a humildade para aceitar uma correção”. E o “inimigo maior destas duas relações” – recordou, são as “fofocas”. O Papa exortou a falar abertamente:

“Você é um homem, portanto, se há alguma coisa contra o bispo vai até ele e diga. Mas depois as consequências não serão boas. Você vai carregar a cruz, seja homem! Se você é um homem maduro e vê algo em seu irmão sacerdote que você não gosta ou que acha estar errado, diga-lhe na cara; ou se vê aquele que não gosta de ser corrigido, vai até o bispo e fale com ele, ou a um amigo mais íntimo daquele sacerdote, para que possa ajudá-lo a se corrigir. Mas não diga aos outros: porque isso é se sujar uns aos outros. E o diabo fica feliz com esse ‘banquete’, porque assim ataca precisamente o centro da espiritualidade do clero diocesano. Para mim – finalizou Francisco – as fofocas fazem muito mal”.

O Papa acrescentou que a alegria é o sinal que as relações com o bispo e com os outros sacerdotes são boas.

Respondendo a uma pergunta sobre a religiosidade popular, disse que – ainda que às vezes tenha que ser evangelizada – “é uma força enorme”. “Nos Santuários se vêem milagres”. “A religiosidade popular – acrescentou – é um instrumento de evangelização”.

Após a quinta pergunta, houve um momento de incerteza se continuar a conversa ou parar por aí, mas o Papa disse que os fiéis o esperavam na praça. Por fim o Papa pediu desculpas por “ter atrapalhado um pouco a festa da padroeira”. Mas o bispo local respondeu que foi “muito bom assim”.

Após ter cumprimentados os sacerdotes, o Papa recebeu de presente as camisetas dos dois times de basquete da Cidade, uma com as mesmas cores do San Lorenzo, time argentino do Papa, e saiu para cumprimentar os fiéis, muitos deles enfrentaram a chuva, horas antes, para estarem presentes na Santa Missa. (SP)







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