Rio de Janeiro (RV) - Muito já se escreveu e filmou sobre o assunto. Atualmente,
vemos ao vivo, não romance e nem histórias sobre as guerras, mas o próprio conflito.
Tanto nas entidades internacionais com discussões que não chegam a nenhuma conclusão,
como os conflitos bélicos que se arrastam pelo mundo.
As tensões de hoje causam
preocupação para os analistas, temendo um aumento do conflito e levando o mundo a
confrontos em que a morte, a fome, a migração acabam levando tristeza para populações
inteiras.
Ainda vemos, hoje, conflitos de intolerância os mais diversos: populações
que são dizimadas ou obrigadas a migrar por causa de sua religião ou de sua opção
política. Quando isso não ocorre fisicamente, vemos a difamação do outro, através
dos vários meios possíveis, tentar vencer essas guerras.
Esses fatos não estão
longe de nós. Em nossas cidades, muitas vezes que vive uma guerra civil urbana com
mortes de migrações. Vivemos guerras virtuais e comunicacionais, cada um tentando
convencer o outro que tem suas razões e destruindo o semelhante.
Nesta semana
que fazemos memória da JMJ Rio 2013 e vimos como pessoas com valores em suas vidas
podem contagiar os outros com o bem e trabalhar pela paz, mesmo com as reinvindicações
para que se construa um mundo mais humano e solidário.
O Rio de Janeiro recebeu
com alegria e acolheu muito bem os jovens do mundo inteiro e, com grandes concentrações,
teve um dos menores índices de violência. A alegria dos jovens cristãos contagiou
a todos, mesmo os não religiosos.
Creio que diante da Memória que fazemos desse
belo evento, somos convidados a uma missão importante: de olharmos esse mundo de guerras
e trevas para ajudar a luz que existe ao nosso redor para que contagie as pessoas
para o bem e para a fraternidade. Não de alienação, mas de compromisso com a civilização
do amor.
Estamos vendo, já há alguns dias no cenário internacional conflitos
entre israelenses e palestinos, perseguição de cristãos no Iraque e conflitos na Ucrânia,
para citar os mais evidentes. Diante dessa problemática internacional, podemos nos
perguntar: o que será necessário ou qual é o instrumento para que a humanidade encontre
a paz?
O assassinato de crianças e adolescentes lá e cá tem desencadeado conflitos
e certa desilusão da população na busca da justiça e da paz.
Após o Ângelus
do dia 20 de julho, o Santo Padre fez um intenso apelo pela paz e pela situação dos
cristãos perseguidos no Oriente Médio. Disse o Papa Francisco: “Recebi com preocupação
as notícias que chegam das comunidades cristãs de Mossul, no Iraque, e outras partes
do Oriente Médio, onde essas comunidades, desde o início do Cristianismo, viveram
com seus cidadãos, oferecendo uma contribuição significativa para o bem da sociedade.
Hoje são perseguidas. Os nossos irmãos são perseguidos, são expulsos, devem deixar
suas casas sem ter a possibilidade de levar nada consigo. Asseguro a estas famílias
e a estas pessoas a minha proximidade e oração constante. Queridos irmãos e irmãs
tão perseguidos, eu sei o quanto vocês sofrem. Eu sei que vocês são despojados de
tudo. Estou com vocês na fé Naquele que venceu o mal”.
O Papa pediu que todos
os católicos do mundo rezem pelos cristãos perseguidos e perseverem na oração pelas
situações de tensão e conflito que persistem em várias partes do mundo, especialmente
no Oriente Médio e na Ucrânia. “Que o Deus da paz desperte o desejo autêntico de diálogo
e reconciliação. A violência não pode ser vencida com a violência. A violência se
vence com a paz”, disse o pontífice, que pediu aos fiéis para rezarem também por ele.
Vejo
que a melhor via para se encontrar a paz é o diálogo, pois, a esse tema do diálogo,
o Papa Francisco, na alocução do dia 19/04/2014, trouxe isto presente: É preciso diálogo
para resolver os problemas da vida e da Igreja. As palavras do Santo Padre, em sua
alocução na qual falou da comunidade primitiva dos cristãos, assinalando que ali também
havia dificuldades e problemas, e que, tanto naquela ocasião como nos nossos dias,
é preciso serenidade e diálogo para obter a unidade desejada por Cristo para sua Igreja.
“Na vida, os conflitos existem, o problema é como enfrentá-los. Até aquele momento,
a unidade da comunidade cristã era favorecida pela pertença a uma única etnia e cultura,
a judaica. Mas, quando o Cristianismo, que por vontade de Jesus é destinado a todos
os povos, se abre ao âmbito cultural grego, essa homogeneidade é perdida e surgem
as primeiras dificuldades”, disse.
O diálogo é, portanto, um desafio fundamental
para a “própria maturidade”. Assim, disse o Papa Francisco em audiência aos Japoneses
em 21/08/2013: no confronto com a outra pessoa e com as outras culturas, mas também
no confronto sadio com as outras religiões, se cresce.
Diante deste grande
problema, o que cabe a cada um de nós é dirigir as nossas preces a Deus para que tudo
seja resolvido da melhor maneira possível. O Oriente precisa de paz, o Rio de Janeiro
precisa de paz, o Brasil precisa de paz, ou seja, o mundo precisa de paz!
Nós
fomos testemunhas de um exemplo de paz e entendimento entre os povos no ano passado,
durante a JMJ. Mesmo com as dificuldades, oposições, críticas, problemas e demoras
prevaleceu o entendimento e a alegria. Queremos paz! Somos chamados a trabalhar por
ela. Ela só chegará à humanidade à medida que exista o respeito, o diálogo e a capacidade
de ser mais altruísta.
Portanto, rezemos pela humanidade, para que sejamos
e tenhamos um coração mais aberto ao outro e também a Deus, pois precisamos tanto
de paz exterior quanto interior. E devemos cultivar os dois grandes mandamentos: Amar
a Deus e ao próximo. Que neste bom propósito nos ajude a Virgem, Rainha da Paz!
Orani
João, Cardeal Tempesta, O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do
Rio de Janeiro, RJ