Em Caserta uma multidão entusiasta acolhe Papa Francisco. Depois de encontro com clero,
a Missa na esplanada externa do Palácio real
O Papa Francisco
visita na tarde deste sábado, 26 de julho, a cidade de Caserta, numa visita de pouco
mais de cinco horas a esta cidade situada na região da Campania no sul de Itália. O
Santo Padre partiu do Vaticano, de helicóptero, às 15h, chegando, como previsto, às
15h45, ao heliporto da Escola de Sub-oficiais da Aeronáutica Militar, adljacente à
“Régia” - Palácio Real de Caserta – considerado pela UNESCO como Património da Humanidade. Papa
Francisco encontrou os sacerdotes da Diocese e pelas 18h, presidiru à Missa na Praça
diante da Régia. Logo depois o regresso ao Vaticano aonde deverá chegar pelas 20h15s.
Para
conhecer a realidade atual desta região dormitório de Nápoles a nossa colega da redação
italiana da Rádio Vaticano Francesca Sabatinelli entrevistou o padre Domenico Dragone,
Reitor do Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Marcianise, uma das cidades desta
zona da Campania, nos arredores de Caserta: “De um ponto de vista pratico
é aquela que era, mas na localidade tantas coisas têm sido feitas e não aparecem.
Por exemplo, em cada paróquia existem os centros de escuta aos quais se dirigem os
fieis que não têm possibilidades económicas e que encontram, por exemplo, um médico
para tratar um filho: o centro de escuta oferece estes médicos com boa vontade. Aos
centros de escuta vão pessoas que têm problemas de habitabilidade das suas casas e
a paróquia manda lá alguém. É esta cadeia de solidariedade tão local que não emerge.
Portanto, há tanto bem e também tanto mal.” O meio ambiente, nesta zona
de Itália, é profundamente poluído e muito degradado devido às infiltrações criminosas
na gestão de lixos e detritos que permitiu que durante anos fossem enterrados lixos
tóxicos naquela zona mesmo vindos de outras regiões. Bastava que pagassem. Esta é
a “terra de Gomorra”, o conhecido livro e filme que documenta a vida dos camorristas
e mafiosos de Caserta. Mas, esta é também a “terra dos tumores”. Por tudo isto, os
jovens fogem destas cidades, segundo nos diz o Padre Domenico: “... fogem
de cidades como Caserta, Capua, Marcianise, Maddaloni, porque têm um ar tão envenenado.
Por isso, há gente que se desenrasca como pode, fogem para a montanha onde podem respirar
um pouco de ar puro. Este ar é o mesmo que é respirado pelos administradores, pelos
políticos que têm filhos, netos e descendentes. Mas ainda não perceberam que se o
ambiente continuar a degradar-se, também eles sofrerão os males e até foi um sacerdote,
padre Patriciello que disse a um destes camorristas: ‘Mas então, és assim tolo de
teres trazido o veneno para tua casa! Morres tu e também os teus filhos. Aqui estão
a morrer tantas crianças, tantos homens e mulheres, devido ao cancro neste ar assim
tão degradado” O padre Domenico Dagrone acha que a visita do Papa Francisco
não resolverá todos os problemas, mas poderá ajudar muito a transformar lentamente
a realidade: “O Papa em Caserta dirá, provavelmente, coisas que já foram
ditas, mas ditas por ele nestas circunstâncias podem entrar em algum coração e transformá-lo.
Os milagres fazem-se lentamente. Quando o Papa João XXIII iniciou o Concílio Vaticano
II disse: “Não é a chuva torrencial que fertiliza os campos; é a chuva fininha e lenta.”
Por isso, não será a mensagem do Papa na Praça Carlos III a transformar Caserta, mas
aquela mensagem nós a ouviremos e meditaremos e serão depois os párocos e as realidades
cristãs, católicas a explicá-la fazendo-a tornar-se em chuva simples e continua. A
transformação não acontece com um relâmpago mas sim lentamente. É preciso caminhar
e trabalhar sempre sobre as mesmas realidades, sobre os mesmos passos e mensagens.”
(RS)