2014-07-23 20:16:20

Fr. Enzo Bianchi: "Francisco quer buscar a unidade mesmo tendo que reformar o papado"


Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre nomeou na terça-feira, 22 de julho, o Prior do Mosteiro de Bose, Ir. Enzo Bianchi, como Consultor do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, guiado pelo Cardeal Kurt Koch. Tendo dedicado sua vida ao trabalho ecumênico, declarou ao Vaticaninsider que “o Papa reformará o papado e isto favorecerá as relações com os ortodoxos”. Ele também falou na entrevista sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio e o papel desempenhado pelas diferentes confissões cristãs na crise ucraniana.

Pego de surpresa com a nomeação, Ir. Enzo Bianchi disse que havia sido recebido em audiência pelo Papa em 2 de julho, o terceiro encontro entre os dois desde o início do Pontificado de Francisco. Na pauta dos encontros, a unidade da Igreja e as ações necessárias para promover esta unidade. “Mas não me havia falado sobre esta nomeação”, observou.

O Prior de Bose explicou que uma das grandes preocupações de Bergoglio em relação ao ecumenismo, é “que a unidade não se faz somente com a espiritualidade da unidade, mas é um mandamento de Cristo que é necessário seguir. É um compromisso que ele sente como prioritário - disse. Sobretudo com a Ortodoxia, sente que a unidade é uma meta urgente”. “Creio que o Papa deseja buscar a unidade, mesmo tendo que reformar o papado. Um papado que não coloca mais medo – como disse o Patriarca Bartolomeu – ao qual o Papa tem ligações de amizade”, explicou Bianchi.

“A reforma do papado significa um novo equilíbrio entre sinodalidade e primado. Os ortodoxos exercem a sinodalidade e não têm o primado, nós católicos temos o primado mas também um defeito de sinodalidade. Não existe sinodalidade sem primado e não existe primado sem sinodalidade, observou ele. Isto ajudaria a criar um novo estilo de primado papal e de governo dos bispos”.

Partindo do Sínodo dos Bispos existente a partir do Concílio Vaticano II e do Conselho dos 9 Cardeais desejado pelo Papa Francisco para coadjuvá-lo nas reformas da Igreja, o Prior da Comunidade de Bose hipotizou para o futuro “um organismo episcopal para ajudar o Papa no governo da Igreja, sem colocar em discussão o primado papal”.

Enzo Bianchi falou ainda sobre a “delicada situação” vivida na Ucrânia, onde o quadro das comunidades cristãs é “extremamente fragmentado”, saudando no entanto, “que todas as Igrejas, ortodoxos de diversas linhas, católicos latinos e greco-católicos, tiveram a inteligência de não fazer uma imersão política, sinal de uma consciência eclesial melhor do que se podia esperar”.

Referindo-se à dramática situação vivida pelos cristãos no Oriente Médio, defendeu que “eles têm necessidade de sentir a fraternidade e a solidariedade dos outros cristãos”. E na mesma linha de Francisco, recordou que “nunca houve tantos mártires como nesta época, e são cristão pertencentes a todas as Igrejas. O sangue dos diversos cristãos unem-se além das decisões teológicas e dogmáticas”, completou.

(VI - JE)









All the contents on this site are copyrighted ©.