2014-07-18 16:23:49

Preocupação do Núncio no Iraque: jihadistas assinalam casas dos cristãos


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Bagdá (RV) – É sempre mais dramática a situação para cristãos, xiitas e curdos remanescentes no norte do Iraque ocupado pelos jihaditas sunitas do Estado Islâmico. A Igreja iraquiana confirma que em Mosul, os cristãos sofrem com a ocupação de suas casas e a suspensão da ajuda de primeira necessidade. Um “N”, letra inicial da palavra ‘Nazarat’, que em árabe significa ‘cristão’, indica as casas habitadas por cristãos.

Ao mesmo tempo, as forças governamentais são repelidas na tentativa de reconquistar a cidade de Tikrit, enquanto o novo presidente do Parlamento – o sunita Salim Jabouri – anuncia que visitará Teerã para conversar com autoridades locais. Uma delegação iraquiana, por sua vez, foi a Erbil para mediar a reaproximação entre o governo de Bagdá e a região do Curdistão. Mas sobre a situação dos cristãos em Mosul, no norte do país, ouçamos o que disse à Rádio Vaticano o Núncio no Iraque, Dom Giorgio Lingua:

Dom Giorgio: “Aqui a situação é muito grave; foi pedido aos cristãos para converterem-se ao Islã ou pagarem a taxa para a religião imposta aos não-muçulmanos, ou abandonarem a cidade. Os bispos – quer o bispo caldeu, quer o sírio-católico -, pediram aos fiéis para deixar o quanto antes a cidade”.

RV: Mas os cristãos, ao ouvirem o que havia sido dito precedentemente, fugiram para a Planície do Nínive. Então, ao que parece, alguns permaneceram na cidade?

Dom Giorgio: “Alguns permaneceram, aqueles que não sabiam para onde ir ou os idosos... Agora, mais alguns estão saindo, mas aqueles poucos que ainda não sabem para onde ir permanecem. E, de fato, as suas casas já foram marcadas com a frase “propriedade do Estado Islâmico”.

RV: Na Planície de Nínive e nos povoados no Curdistão iraquiano que acolheram os cristãos, quais são as condições de saúde e humanitária?

Dom Giorgio: “A situação é preocupante porque as temperaturas estão muito elevadas – acima dos 40º C neste período -, e com a escassez de água e sobretudo de eletricidade, as condição são muito difíceis. Por isto é necessário cavar poços para encontrar água potável e a Caritas logo começou a fazer isto. Dirigiu-se ao local para fazer um levantamento da situação e agora estão realizando projetos e já deram início à escavação de poços”.

RV: Existe ainda alguma igreja ou algum expoente do clero que dá alguma informação a partir dos territórios ocupados pelo Estado Islâmico?

Dom Giorgio: “Sim. Existem ainda algumas famílias de cristãos com quem se tem contato. E existem ainda três monges da Comunidade de Santo Efrem. Estão no Mosteiro de Mar Behnam, a cerca de 30 km de Mosul, porém em território ocupado pelo Estado Islâmico. Dizem estar bem neste momento, têm a permissão de sair e entrar, porém não sei como vão se comportar agora, com estas novas medidas restritivas”.

RV: Vocês, o que pedem ao governo? Quais seriam os próximos passos?

Dom Giorgio: “Ao governo se pede de fazer frente à emergência humanitária que se está criando para as pessoas que deixam suas casas e devem deixar tudo, sem levar nada consigo. Isto, de fato, é o que impuseram: partir imediatamente sem levar nada porque tudo é propriedade do Estado Islâmico. Portanto, se pede ao governo para intervir também com ajuda humanitária”.

RV: Vocês temem um divisão do Iraque?

Dom Giorgio: “Há três dias foi eleito o novo presidente do Parlamento. Agora se espera a eleição do Presidente da República, do novo governo.... Caso se optasse pela escolha inclusiva, se poderia evitar uma tragédia; se houver um governo inclusivo, aqueles que abriram as portas ao Estado Islâmico - porque estavam insatisfeitos com a política do governo central -, poderiam eles mesmo reagir a não aceitar esta imposição que, estou certo, não agradará a muitos, mesmo entre aqueles que estão naquele território”. (JE)










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