2014-07-17 15:52:41

Bispos africanos: o valor da família


Brazzaville (RV) - 23 resoluções: tantas foram as decisões aprovadas pelas Conferências Episcopais da região da África Central (ACERAC), na conclusão da Décima Plenária, realizada entre os dias 06 e 13 de julho, em Brazzaville, Congo. Centralizada no tema “A Família na África hoje”, a Assembleia divulgou uma mensagem final dedicada precisamente à defesa e à promoção da família, baseada sobre o matrimônio entre homem e mulher e célula fundamental da sociedade.

Após uma premissa na qual os bispos africanos constatam a crise que atinge hoje a família, em particular a família cristã, por causa das “mudanças sócio-culturais” e do contexto contemporâneo marcado pelo “individualismo, utilitarismo, ganância”, os bispos sugerem 23 resoluções.

As primeiras dez, unidas pela necessidade de uma preparação adequada ao matrimônio e à vida familiar, propõem antes de tudo “reestruturar a pastoral da família”, harmonizando as diversas Comissões diocesanas que atuam no setor. A Acerac visa, então, a formação adequada dos agentes pastorais comprometidos neste âmbito, para que os casais sejam constantemente acompanhados pela Igreja no seu percurso matrimonial.

No âmbito formativo, a Igreja da África Central lança um apelo em prol da educação das crianças: “a família – lê-se no documento – é a primeira escola de valores; ela inclui a educação afetiva e sexual,, na qual se aprende o conhecimento e o respeito do próprio corpo”.

Essencial, sublinha ainda a mensagem da Acerac, o testemunho das famílias, pois “não existe vida cristã sem testemunho”, e porque é testemunhando a fé que “as famílias cristãs evangelizam outras famílias”.

As dez seguintes resoluções propostas pela Acerac chamam a atenção, ao invés, para a dimensão espiritual da família e reafirmam a importância de “quatro pilares”: escuta da Palavra de Deus; participação regular na Eucaristia; oração coletiva; e convite à comunhão.

Um acento dos bispos africanos sobre a importância de “um diálogo franco e sincero” em família, acompanhado também de uma “auto-análise periódica”, na qual os componentes do núcleo familiar possam “fazer um balanço dos objetivos atingidos”.

Olhando depois para alguns aspectos típicos da realidade tradicional africana, a Acerac sugere “restituir ao dote o seu valor simbólico inicial”, ou seja, “uma troca de dons e um aprofundamento de relações entre as famílias”, para que não “diminua a dignidade da mulher, considerada como mercadoria”.

No mesmo plano, os bispos chamam a atenção para a necessidade de “uma pastoral ativa para os matrimônios mistos e inter-religiosos”, que “frequentemente criam dificuldade à coesão familiar e à educação dos filhos”. Por isso, lê-se na mensagem, é necessário “um discernimento adequado, em particular diante do aumento dos extremismos”.

E ainda: em âmbito espiritual, os bispos africanos convidam os fiéis a resistirem às seitas e à bruxaria, fenômenos em crescimento por causa da grande crise econômica, social e política.

Enfim, as últimas resoluções contidas na mensagem pedem a promoção de uma pastoral familiar que olhe para a “solidariedade”, para as “famílias economicamente frágeis” por causa da crise financeira. A última resolução convida a “iniciar um diretório sobre a catequese da família”, com itinerários trienais. “A crise atual da família – concluem os bispos africanos – não deve ser entendida necessariamente em sentido negativo”, mas sim como “um apelo do Espírito Santo a trabalhar na promoção e reestruturação dos núcleos familiares, na perspectiva da Nova Evangelização”. (SP)







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