A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 7 a 13 de Julho
O Papa
Francisco na segunda-feira, dia 7 celebrou Missa na Capela da Casa de Santa Marta
na presença de um grupo de pessoas vítimas de abusos sexuais por parte de membros
do clero. Na sua homilia, pronunciada em espanhol, o Papa Francisco recordou a imagem
de Pedro quando olha para Jesus que saía do interrogatório antes da sua morte e Pedro
cruza o seu olhar com aquele de Jesus e chora. Hoje o coração da Igreja – afirmou
o Santo Padre – vê os olhos de Jesus nas crianças abusadas. E os abusos são bem mais
do que atos desprezáveis, são verdadeiros “sacrilégios” – sublinhou o Papa.
Estes
atos profanaram a imagem de Deus – continuou o Papa que considerou que estes atos
execráveis perpetrados contra menores deixaram cicatrizes para toda a vida. “A estas
famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor” – reiterou o Papa Francisco
que pediu perdão pelos abusos cometidos pelo clero:
“Perante Deus e o
Seu povo estou profundamente desolado pelos pecados e graves crimes de abuso sexual
cometidos por membros do clero contra vós e humildemente peço-vos perdão.”
O
Santo Padre pediu também “perdão pelos pecados de omissão por parte dos chefes da
Igreja que não responderam de maneira adequada às denúncias”. O Papa deixou claro
que na Igreja não há lugar para quem comete abusos sexuais:
“Não há lugar
no ministério da Igreja para aqueles que cometem abusos sexuais; e empenho-me a não
tolerar o dano cometido a um menor por parte de quem quer que seja, independentemente
do seu estado clerical.”
Estas seis pessoas convidadas pelo
Papa Francisco chegaram ao Vaticano no domingo à tarde e jantaram na Casa de Santa
Marta. Vinham da Alemanha, da Irlanda e da Grã-Bretanha. Todo o grupo tomou o pequeno-almoço
em conjunto e depois cada uma das vítimas esteve pessoalmente com o Papa, no primeiro
encontro do género deste pontificado. Estes encontros aconteceram a seguir à Eucaristia
e foram de grande intensidade pois o Santo Padre encontrou-se em privado com cada
uma destas vítimas de abusos. Grande intensidade destes encontros que duraram mais
de três horas. A palavra ao Padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé:
“A
excecional e notável amplitude que tiveram estes encontros. Ou seja, o Santo Padre
esteve com estas pessoas vítimas de abusos em encontros durante mais de três horas
consecutivamente. E com um estilo muito próprio de encontro muito envolvido e pessoalmente
muito intenso e atento.”
O Padre Lombardi neste seu encontro com os
jornalistas referiu-se ainda ao facto de ele próprio ter testemunhado a comoção e
gratidão revelada pelas pessoas que iam saindo do encontro privado com o Papa Francisco:
“Posso
testemunhar da profunda gratidão e comoção destas pessoas que tiveram a possibilidade
de ter um encontro assim aprofundado e pessoal com o Santo Padre. Em particular tiveram
a perceção de serem escutadas com muita atenção e disponibilidade.”
Durante
esta semana foram notícia as mudanças no âmbito da Santa Sé promovidas pela Secretaria
para a Economia. O Papa Francisco publicou uma Carta Apostólica em forma de Motu Proprio
decidindo que a Secção Ordinária da APSA - Administração do Património da Sé Apostólica
será transferida para a Secretaria para a Economia. Ao acolher o parecer dos Chefes
dos Dicastérios interessados, o Papa Francisco considerou oportuno que a Secretaria
para a Economia passasse a assumir a partir de agora, de entre as suas tarefas institucionais,
aquelas atribuídas à denominada “Secção Ordinária” da Administração do Património
da Sé Apostólica e, portanto, de transferir ao referido Dicastério as competências
que a Constituição Apostólica Pastor Bonus de 28 de junho de 1988 havia atribuído
à referida Secção da Administração do Património da Santa Sé. Quem apresentou publicamente
esta decisão do Papa Francisco foi o Prefeito da Secretaria para a Economia o Cardeal
George Pell que anunciou também outras mudanças já devidamente confirmadas pelo Santo
Padre. Essas mudanças são no IOR – Instituto para as Obras de Religião, no Fundo de
Pensões e nos Media Vaticanos. Em conferência de imprensa na quarta-feira, dia
9, o Cardeal Pell comunicou tudo isto mas, antes de mais, deixou claro que o rumo
a seguir do ponto de vista económico é o da transparência seguindo os standard financeiros
internacionais.
“Antes de mais estamos trabalhando sobre os standard
financeiros internacionais que deverão ser seguidos em todos os dicastérios e nas
secções da Santa Sé e do Governatorato. De momento estamos na fase em que é indicada
claramente a direção e os objetivos que queremos atingir. Quando dizemos isto referimo-nos
a uma substancial transparência. Portanto, serão realizados relatórios anuais e estes
relatórios serão realizados externamente.”
Vejamos as decisões que
foram comunicadas nesta conferência de imprensa:
IOR – INSTITUTO PARA AS OBRAS
DE RELIGIÃO Comecemos, desde logo, pelo IOR: as decisões tomadas eram já conhecidas,
faltava a confirmação sobre von Freyberg que cessa as suas funções sendo substituído
por de Franssu que assumirá a direção do IOR para uma nova fase do seu processo de
reforma. Objetivo principal para os novos tempos será concentrar a atividade do IOR
na consultoria financeira e nos serviços de pagamento para o clero, as congregações,
dioceses e funcionários leigos do Vaticano. Seis novos membros leigos serão nomeados
para o Conselho do IOR entre os quais o francês Jean-Baptiste de Franssu, como Presidente.
APSA
– ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÓNIO DA SÉ APOSTÓLICA No que diz respeito à APSA a sua
Secção Ordinária será transferida para a Secretaria para a Economia. Este é um passo
importante para consentir à Secretaria para a Economia de exercer as suas próprias
responsabilidades de controlo económico e de vigilância sobre as políticas e procedimentos
de aquisição e distribuição de recursos humanos. O resto do pessoal da APSA ficará
afeto a atividades de Tesouraria, restabelecendo relações com todos os principais
bancos centrais.
FUNDO DE PENSÕES Entretanto, em relação ao Fundo de
Pensões foi nomeada uma comissão técnica para estudar a situação atual e formular
propostas ao Conselho para a Economia até ao fim de 2014. O objetivo é garantir no
futuro condições para a aposentação tal como existem no presente.
MEIOS DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL DO VATICANO Finalmente em relação aos meios de comunicação social
do Vaticano foi nomeada uma comissão para propor uma reforma dos Media Vaticanos.
Essa comissão deverá publicar um relatório e um plano de reforma dentro de 12 meses
depois de ter examinado o relatório da COSEA. Os objetivos são os de adequar os meios
de comunicação da Santa Sé às novas tendências de consumo de media, tais como as redes
socias ou as aplicações móveis (app); melhorar a coordenação entre os diferentes meios
e ainda atingir, progressivamente, poupanças financeiras consideráveis. Os membros
da comissão foram escolhidos de entre o pessoal do Vaticano e alguns especialistas
internacionais.
Destaque ainda para o facto de que, em setembro de 2014,
a Secretaria para a Economia iniciará a preparação do orçamento para 2015. O objetivo
é que todos os dicastérios e as administrações promovam a redação de um orçamento
anual. A despesa aprovada será da responsabilidade de cada dicastério e administração.
A despesa será confrontada com o orçamento e eventuais excessos serão da responsabilidade
do próprio dicastério ou administração.
No Angelus deste domingo dia 13
o Papa Francisco a propósito do persistente e dramático conflito no Médio Oriente
lançou, mais uma vez, um forte apelo para continuarmos a rezar pela paz na Terra Santa:
“Dirijo a todos vós um premente apelo para que continueis a rezar com
insistência pela paz na Terra Santa, à luz dos trágicos acontecimentos dos últimos
dias. Ainda tenho na memória a viva recordação do encontro do passado 8 de Junho,
com o Patriarca Bartolomeu, o Presidente Peres e o Presidente Abbas, com os quais
invocámos o dom da paz e escutámos a chamada para quebrar o ciclo do ódio e da violência.
Alguns poderiam pensar que esse encontro realizou-se em vão. Mas pelo contrário não,
porque a oração nos ajuda a não nos deixarmos vencer pelo mal, nem a resignar-nos
que a violência e o ódio levem a melhor contra o diálogo e a reconciliação. Exorto
as partes interessadas e todos aqueles que têm responsabilidades políticas a nível
local e internacional, para não poupar a oração e algum esforço para pôr fim a todas
as hostilidades e alcançar a paz desejada para o bem de todos. E convido-vos a todos
vós para vos unirdes na oração. Agora, Senhor, ajuda-nos Tu! Dá-nos Tu a paz, ensina-nos
Tu a paz, guia-nos Tu rumo à paz. Abre os nossos olhos e os nossos corações e dá-nos
a coragem de dizer: "nunca mais a guerra"; "com a guerra tudo se destrói!" Dá-nos
a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz ... Faz-nos dispostos
a ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas
em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão.
Ámen.”
Após ter saudado cordialmente todos os peregrinos presentes
na Praça de S. Pedro e por ocasião do “Domingo do Mar” que se celebrou neste domingo,
o Papa Francisco acrescentou:
Dirijo o meu pensamento aos marítimos,
aos pescadores e às suas famílias. Exorto as comunidades cristãs, especialmente as
costeiras, para que sejam atentas e sensíveis para com eles. Convido os capelães e
voluntários do Apostolado do Mar para continuarem o seu empenho no cuidado pastoral
destes nossos irmãos e irmãs. A todos, mas de modo especial àqueles que se encontram
em dificuldades e longe de casa, confio à materna proteção de Maria, Estrela do Mar.”
E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais
atividades do Santo Padre que foram notícia de 7 a 13 de julho. Esta rubrica regressa
na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)