Patriarca Rai: a existência do Líbano está em risco
Diman (RV) – O atraso ou o adiamento da eleição de um novo Presidente da República
“ameaça a existência do Líbano”, porque “somente um Presidente maronita com amplo
consenso e apropriada personalidade, qualidades morais e história individual” pode
garantir continuidade à característica fisionomia libanesa, ao mesmo tempo unitária
e pluralística.
Assim, o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Bechara Boutros
Rai, voltou a alertar sobre a crise política que há meses paralisa as instituições
do País dos Cedros, onde os dois principais grupos políticos rivais – a “Coalizão
8 de março” e a “Coalizão 14 de março” – com seus vetos sabotam qualquer possibilidade
de encontrar um candidato comum para o cargo de Presidente da República, reservado
pelo sistema político libanês a um cristão maronita.
Durante uma cerimônia
no último domingo, celebrada na igreja da residência patriarcal no vilarejo de Diman,
o Patriarca Rai dirigiu mais uma acusação contra os políticos libaneses, que no seu
parecer parecem ignorar as “terríveis” consequências do vazio de poder no cargo mais
alto do Estado.
O impasse – disse o Patriarca na homilia – está favorecendo
“o declínio socioeconômico do Líbano e abre o caminho ao saque dos recursos públicos
e dos direitos dos trabalhadores”.
Além disso, segundo o Primaz da Igreja
Maronita, “é uma vergonha” que o cargo presidencial permaneça vacante enquanto o Líbano
se prepara para abrigar importantes reuniões das Nações Unidas e da Liga Árabe.
A
experiência libanesa, acrescentou o Patriarca Rai, “poderia ajudar os países do Oriente
Médio que sofrem com as guerras, com a violência, com o terrorismo e com o surgimento
de movimentos fundamentalistas”, a evitar de cair fatalmente sob poderes fundados
no “monopólio religioso, político e social”, protegendo a peculiaridade do sistema
pluralístico libanês.