Aniversário da visita do Papa a Lampedusa: deu seus frutos, diz a Caritas
Cidade do Vaticano
(RV) - Nesta terça-feira, 8 de julho, faz um ano que o Papa Francisco realizou
sua histórica visita à ilha de Lampedusa, constituindo a primeira viagem de seu Pontificado.
A ilha – situada no extremo-sul da Itália – é porta de entrada na Europa para imigrantes
provenientes do norte da África.
Tratou-se de uma visita que o Papa fez para
rezar pelos mortos no mar, pelos corpos sem nome, pelos irmãos ainda "sepultados"
nas águas do Mediterrâneo. Na ocasião, a advertência que fez contra a globalização
da indiferença foi um chamado ao papel da comunidade internacional.
Foram palavras
que parecem ter dado frutos, como ressalta o diretor da Caritas diocesana de Agrigento,
Valerio Landri, em entrevista concedida à Rádio Vaticano:
Valerio Landri:-
"A visita do Papa Francisco, de certo modo, foi propedêutica. Basta recordar o que
ocorreu em outubro (uma embarcação afundou ao largo da ilha deixando mais de 360 mortos,
ndr). Razão pela qual, num certo sentido, suas palavras foram proféticas, serviram
para chamar a atenção de todos nós, a começar dos habitantes de Lampedusa e, mais
em geral, de todos os italianos, para o dever do acolhimento. "Adão, onde estás? Caim,
onde está teu irmão", são palavras que ainda ressoam forte nestes lugares. A experiência
da operação militar e humanitária Mare Nostrum que entrou em ação após a tragédia
de 3 de outubro permitiu a Lampedusa voltar a sua normalidade. Aqui começou agora
a estação turística, os migrantes são claramente muito menos do que o que estamos
acostumados a ver neste período do ano, embora hoje tenham desembarcado na ilha cerca
de 500 imigrantes de nacionalidade preponderantemente eritréia e estamos esperando
a chegada de outros. Compreendemos que a experiência Mare Nostrum não é suficiente
para diminuir a exigência de vida nova de tantos migrantes que estão para partir vindo
para a Europa. Lampedusa está se refazendo, recuperando sua vida ordinária, mas sabe
que essa calma é aparente e que, em todo caso, sua vocação geográfica é sempre a do
acolhimento: todos estão prontos para fazer a sua parte."
RV: Neste
um ano da visita do Papa algo mudou no trabalho da Caritas?
Valerio Landri:-
"Muitas Caritas da Sicília foram interpeladas pela presença de migrantes: Palermo,
Siracusa, bem como tantas outras dioceses sicilianas foram ativadas graças também
à presença da operação Mare Nostrum. Creio que tenha também ativado muitos
mecanismos, experiências que talvez agora não compreendamos plenamente, mas que compreenderemos
no amanhã, recursos que de certo modo estavam adormentados e que agora com a presença
de migrantes estão sendo despertados. Damos um auxílio onde nos é pedido e onde nos
é possível."
RV: Pessoalmente, qual sua recordação daquela visita do
Papa?
Valerio Landri:- "Aquela visita marcou profundamente Lampedusa.
Em me encontrava na Tunísia, onde estamos presentes para uma relação de reciprocidade
entre as Igrejas. Acompanhei, rezei com a Igreja em Túnis, enquanto em Agrigento se
rezava pelas vítimas do mar. Vivi a experiência de uma Igreja que em Lampedusa encontrou
sua unidade. Aquelas palavras do Papa foram um programa pastoral para todos nós, que
ainda hoje continua sendo absolutamente válido. Lampedusa continua vivendo aquele
dia como se fosse o presente. Estes sete dias de festa estão sendo vividos como se
o Papa estivesse presente, com a mesma alegria, a mesma atenção de um ano atrás."
(RL)