2014-07-07 16:16:59

A Semana do Papa – uma síntese das principais actividades de 23 a 29 de Junho


Dia 23
Quem julga os outros é um hipócrita, coloca-se no lugar de Deus – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã de segunda-feira, dia 23.

No Evangelho do dia encontramos o capítulo 7 de S. Mateus em que Jesus nos diz: ”Não julgueis para não serdes julgados...” Partindo deste ensinamento o Papa Francisco afirmou que quem julga engana-se, confunde-se e torna-se num derrotado. Aquele apelativo “hipócritas” que Jesus lançou várias vezes aos doutores da lei – continuou o Santo Padre – é afinal uma expressão dirigida a qualquer um de nós. Porque quem julga fá-lo no imediato, enquanto que Deus para julgar toma algum tempo.
“ Quem julga torna-se num derrotado, acaba mal, porque a mesma medida será usada para julgá-lo a ele.”
O único que julga é Deus – afirmou o Papa Francisco que indicou a atitude de Jesus como o exemplo para imitarmos. Pois Jesus perante Deus nunca acusa, mas sempre defende.


Dia 24
O cristão não se anuncia a si próprio mas o Senhor – afirmou o Papa Francisco na terça-feira, dia 24 em que a Igreja celebra a natividade de S. João Batista. Na Missa em Santa Marta o Santo Padre na sua homilia propôs os três verbos vocacionais do Profeta: preparar, discernir, diminuir.

“Três vocações num homem: preparar, discernir, deixar crescer o Senhor e diminuir-se a si próprio. Também é belo pensar a vocação do cristão assim. Um cristão não anuncia a si próprio, anuncia um outro, prepara o caminho a um outro: o Senhor. Um cristão deve saber discernir, deve conhecer como discernir a verdade daquilo que parece verdade e não é: homem de discernimento.”


Dia 25
Na audiência geral de quarta-feira, dia 25 de junho, o Papa Francisco continuou, na sua catequese, a temática iniciada na semana passada: a Igreja. O Santo Padre, logo no início da sua intervenção, lançou a ideia fundamental da sua catequese deixando claro que “não estamos isolados, nem somos cristãos por conta própria.” Quando afirmamos que somos cristãos estamos a dizer que pertencemos à Igreja.

“A nossa identidade é pertença.”


Se acreditamos, se sabemos rezar, se conhecemos o Senhor e O reconhecemos nos nossos irmãos é porque outros, antes de nós, viveram a fé e no-la transmitiram e ensinaram – afirmou o Papa Francisco recordando todos aqueles que nas nossas famílias e nas comunidades nos transmitiram a fé.


“Ninguém se torna cristão por si mesmo. “


A Igreja é uma grande família – continuou o Santo Padre – na qual uma pessoa é acolhida e aprende a viver como crente, como discípulo de Jesus. Como disse o Papa nesta audiência o caminho da fé vive-se “… não apenas graças a outras pessoas, mas unidos a outras pessoas.”



Dia 26
Na quinta-feira, dia 26, concluiu-se no Vaticano a Assembleia Plenária da ROACO – reunião das Obras de Ajuda às Igrejas do Oriente. O Papa Francisco recebeu os oitenta participantes desse encontro e evocou a peregrinação realizada no final de Maio à Terra Santa. E o Santo Padre reforçou a sua proximidade aos cristãos do Oriente em especial aos da Síria e do Iraque. Também não esqueceu a Ucrânia.
Na Missa em Santa Marta o Santo Padre afirmou que o povo seguia Jesus porque Ele falava a língua do povo. A sua atitude não era a de um fariseu, de um saduceu, de um zelote ou de um essénio. Ele era o Bom Pastor – sublinhou o Papa Francisco

“É por isto que o povo seguia Jesus, porque era o Bom Pastor. Não era nem um fariseu casuístico moralista, nem um saduceu que fazia negócios políticos com os poderosos, nem é um guerrilheiro que procurava a libertação política do seu povo, nem um contemplativo de mosteiro. Era um pastor! Um pastor que falava a língua do seu povo, fazia-se entender, dizia a verdade, as coisas de Deus: não negociava nunca as coisas de Deus! Mas dizia-as em tal modo que o povo amava as coisas de Deus. Por isso é que O seguia.”


Dia 27
No dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, sexta-feira 27 de junho, o Papa Francisco em Santa Marta afirmou que Deus é um Pai que nos ama ternamente. Ele dá-nos a graça e a alegria de celebrarmos no coração do Seu Filho as grandes obras do seu amor. E na sua meditação o Santo Padre salientou dois traços característicos do amor:

“Há dois traços do amor. Primeiro, o amor está mais no dar que no receber. O segundo traço: o amor está mais nas obras do que nas palavras. Quando nós dizemos que é mais no dar que no receber, é que o amor comunica-se: sempre se comunica. E é recebido pelo amado. E quando dizemos que é mais nas obras do que nas palavras, o amor sempre dá vida, faz crescer.”

Segundo o Papa Francisco aquilo que Deus procura no homem é uma relação de um pai para com a sua criança, acariciando-a e dizendo-lhe com ternura “eu estou contigo”:

“Esta é a ternura do Senhor, no seu amor; isto é aquilo que Ele nos comunica e nos dá força à nossa ternura. Mas se nós nos sentimos fortes, nunca teremos a experiência do carinho do Senhor e as Suas carícias são tão belas.. ‘Não temas, eu estou contigo, eu levo-te pela mão...’ São todas palavras do Senhor que nos fazem entender aquele misterioso amor que Ele tem por nós. E quando Jesus fala de si próprio diz: ‘Eu sou manso e humilde de coração’. Também Ele, o Filho de Deus, baixa-se para receber o amor do Pai.”


O Papa Francisco não visitou na sexta-feira, dia 27, o Policlínico Agostino Gemelli, por ocasião dos 50 anos de fundação da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica. Devido a uma repentina indisposição que impediu o Santo Padre de realizar esta visita, a missa que estava programada foi presidida pelo Arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola. O Papa Francisco, na voz do Cardeal Scola, enfatizou que hoje, em particular, "a fidelidade é um valor em crise”:

“Hoje em particular a fidelidade é um valor em crise, porque somos induzidos a buscar sempre a mudança, uma presumível novidade, negociando as raízes da nossa existência, da nossa fé. Sem fidelidade às suas raízes, porém, uma sociedade não vai para a frente, pode fazer grandes progressos técnicos, mas não um progresso integral, de todo o homem e de todos os homens."

O Santo Padre concluiu a sua homilia deixando algumas interpelações aos presentes:

"Como é meu amor pelo próximo? Sei ser fiel? Ou sou volúvel, sigo os meus humores e as minhas simpatias? Cada um de nós pode responder na sua própria consciência. "Mas, sobretudo, podemos dizer ao Senhor: Senhor Jesus, fazei o meu coração semelhante ao Vosso, repleto de amor e de fidelidade."

No final da tarde desta sexta-feira, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, P. Federico Lombardi, divulgou uma nota onde confirmou a agenda do Papa Francisco para sábado, 28 e domingo 29. “Não existem motivos de preocupação com a saúde do Papa”, afirmou o P. Lombardi.


Dia 28
O Papa Francisco, já restabelecido da indisposição de sexta-feira dia 27, retomou as suas atividades na manhã de sábado, dia 28, recebendo entre outras entidades uma Delegação do Patriarcado de Constantinopla, presente em Roma por ocasião da Solenidade de S.Pedro e S.Paulo de domingo 29. O Papa Francisco dirigiu-lhes algumas palavras:

O Santo Padre sublinhou, assim, confiar no trabalho da Comissão Mista Internacional para que seja:


“... expressão desta compreensão profunda, desta teologia feita de joelhos.” Temos todos necessidade de abrirmo-nos com coragem e confiança à ação do Espírito Santo, deixando-nos envolver no olhar de Cristo sobre a Igreja sua esposa, no caminho deste ecumenismo espiritual reforçado pelo martírio de tantos nossos irmãos que, confessando Jesus Cristo, realizaram o ecumenismo de sangue.”



Dia 29
O Papa Francisco presidiu na manhã deste domingo 29 de junho, na basílica de São Pedro, à Missa da solenidade de São Pedro e São Paulo, com a imposição a 24 arcebispos provenientes de todo o mundo do “pálio”, insígnia litúrgica símbolo da respetiva dignidade e jurisdição, a exercer em comunhão com o Papa e a Igreja de Roma. O Papa na sua homilia dirigiu algumas palavras muito concretas para os arcebispos:

“Aqui está um problema que nos toca: o problema do medo e dos refúgios pastorais. Pergunto-me: Nós, amados Irmãos Bispos, temos medo? De que é que temos medo? E, se o temos, que refúgios procuramos, na nossa vida pastoral, para nos pormos a seguro? “

No Angelus de dia 29, falando à multidão congregada na Praça de S. Pedro, o Santo Padre exprimiu toda a sua preocupação pelas notícias “muito dolorosas” que provêm do Iraque:



“Uno-me aos bispos do país dirigindo um apelo aos governantes, para que, através do diálogo, possam preservar a unidade nacional e evitar a guerra. Estou próximo dos milhares de famílias, sobretudo cristãs, que tiveram que deixar as suas casas e que estão em grave perigo. A violência gera outra violência. O diálogo é a única via para a paz.”

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 23 a 29 de junho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)








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