Encontro na Indonésia: "medo é o maior inimigo do diálogo entre as religiões"
Jacarta
- (RV) - O pior inimigo do diálogo inter-religioso é o medo que vem do “escasso
conhecimento e compreensão recíproca entre os vários grupos religiosos." Por isso
é hora de “parar de usar termos como maioria e minoria, como convida a fazer o Papa
Francisco: enquanto seres humanos, somos todos irmãos.” Palavras do Padre Miguel Angel
Ayuso Guixot, secretário do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religoso, numa
visita à Indonésia no mês de junho. A Indonésia é o país com o maior número de muçulmanos
do mundo. Em Jacarta, Padre Ayuso Guixot encontrou diversas personalidades, cristãs
ou não, manifestando valorização por uma experiência da qual recebeu mais do que esperava.
Uma visita organizada pela conferência episcopal local, depois de muitos anos da viagem
oficial do Cardeal Jean-Louis Tauran, durante o qual enalteceu que o diálogo inter-religioso
“não é uma opção, mas uma necessidade.” No contexto daquela visita, o presidente
do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso pode experimentar que a maioria
dos cidadãos tem uma visão moderada do Islã e que não faltam exemplos de amizade profunda
e frequente entre líderes católicos e expoentes das principais organizações muçulmanas.
Acompanhou
o secretário do Pontifício Conselho, o padre indonésio Markus Solo Kewuta, encarregado
da Igreja para o Islã na Ásia e no Pacífico. O sacerdote destacou a grande hospitalidade
mostrada pelos habitantes, uma impressionante constatação ao término do encontro com
altos expoentes muçulmanos, dentre os quais, membros da Universidade Islâmica de Jacarta
e do conselho dos muçulmanos na Indonésia.
Comentando a visita dos representantes
do Pontifício Conselho, Dom Johannes Maria Trilaksyanta Pujasumarta, arcebisbo de
Semarang e secretário geral da Conferência Episcopal, disse que “a realidade no campo
do diálogo é muito diversa de como aparece nos meios de comunicação. Somente a experiência
pode ser útil para entrender a situação.” Um pensamento compartilhado pelo Padre Solo
Kewuta, segundo o qual, o objetivo é a troca de “visões e de experiências,” em particular,
no campo do diálogo e da coexistência pacífica nas várias zonas do mundo e, sobretudo,
na Indonésia.
Susy Sânie, professora muçulmana, disse sempre ter podido usar
o hijab, o véu islâmico, sem por isso ter sido vítima de marginalização. E disse sentir-se
em casa quando se encontra na Universidade Católica. Também Carya, monge budista,
confirmou as calorosas boas-vindas recebidas, assim como Bahren Umar Siregar, outro
docente muçulmano, que confirmou que na universidade freqüentada por maioria Católica,
é feliz de estar presente como muçulmano e agradecido pelo respeito que recebe. Na
Indonésia, onde 87 por cento da população é muçulmana, os Católicos representam uma
minoria de cerca de 7 milhões de pessoas, aproximadamente 3 por cento dos habitantes.
Na Arquidiocese de Jacarta, os fiéis reúnem 3,6 por cento da população. A constituição
do país prevê a liberdade religiosa, mas a população Cristã, às vezes, é vítima de
episódios de violência e intimidação, sobretudo nas áreas onde há uma visão mais extremista
do Islã. Os Católicos são uma parte ativa na sociedade e contribuem para o desenvolvimento
da nação e para as obras de ajuda durante situações de emergência, como ocorreu na
inundação de janeiro de 2013. (EF)