Crianças nos conflitos do mundo: ONU denuncia impunidade
Em 2013 mais de 4 mil casos foram documentados pelas Nações Unidas, mas certamente
foram muito mais as crianças recrutadas e usadas, mortas e mutiladas vítimas de violência
sexual e outras violações graves nas 23 situações de conflito, tomadas em consideração
em todo o mundo. Estes – informa a agência de notícias Misna - são alguns dos resultados
que foram apresentados no relatório anual do Secretário-Geral sobre crianças e os
conflitos armados "Documentámos os casos de crianças recrutadas e usadas por sete
exércitos nacionais e 50 grupos armados que combatem as guerras na República Centro-africana,
Sudão do Sul, Síria e em outros 11 países", disse Leila Zerrougui, representante especial
das Nações Unidas para as crianças e os conflitos armados". No relatório, também documentámos
progressos, como no Chade, onde o exército nacional do país já não está na lista por
recrutamento e uso de crianças enquanto que no Iémen, no passado mês de Maio, foi
assinado um autêntico Plano de Acção para pôr fim e prevenir o recrutamento. Nas
listas ‘negras’ entrou, pelo contrário, o movimento nigeriana Boko Haram, que "continua
a cometer violências indescritíveis contra as crianças e eu estou profundamente preocupada
com o destino das muitas meninas sequestradas nos últimos meses", disse Leila Zerrougui.
O ano de 2013 foi caracterizado por um aumento no número de crianças mortas ou mutiladas
em países como o Afeganistão, Síria e Iraque. O recrutamento de crianças na República
Centro-Africana foi sistemático e os direitos da infância têm sido violados por todas
as partes em conflito, na mais completa impunidade. A Síria manteve-se para as crianças
um dos lugares mais perigosos do mundo, enquanto que no Sudão do Sul o conflito que
eclodiu em Dezembro de 2013 cancelou a maior parte dos progressos feitos para proteger
as crianças, depois da independência do País. As grandes crises de 2013 continuam
ainda durante este ano. No Iraque, os recentes ataques por parte dos militantes do
Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis) criaram uma situação extremamente volátil
e perigosa para as crianças. O representante especial está a receber relatórios inquietantes
de recrutamento e de outras graves violações contra as crianças, que necessitam de
uma intervenção imediata. "Aquilo que é comum na maior parte destas situações de
conflito é que os direitos das crianças são violados em total impunidade", disse Zerrougui.