Globalização da indiferença continua a fazer vítimas no Mediterrâneo
Cidade
do Vaticano (RV) - Quarenta e cinco mortos, provavelmente asfixiados: este é o
balanço oficial do resgate de um barco de pesca, socorrido pela guarda costeira italiana
na última segunda-feira, entre a Líbia e a Sicília. A embarcação transportava 600
migrantes.
O drama deste ano é o mesmo de um ano atrás. No dia 8 de julho de
2013, Papa Francisco realizou sua primeira viagem e o destino escolhido por ele foi
justamente a ilha de Lampedusa, no coração do Mediterrâneo.
Desde o começo
do ano, mais de 60 mil pessoas chegaram à Itália pelo mar. Por isso, as palavras do
Pontífice continuam mais atuais do que nunca.
Estes nossos irmãos e irmãs
procuravam sair de situações difíceis, para encontrarem um pouco de serenidade e de
paz; procuravam um lugar melhor para si e suas famílias, mas encontraram a morte.
Quantas vezes outros que procuram o mesmo não encontram compreensão, não encontram
acolhimento, não encontram solidariedade! E as suas vozes sobem até Deus.
Para
o Pontífice, somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de “padecer
com”. A globalização da indiferença, afirmou, tirou-nos a capacidade de chorar!
Peçamos
ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há
no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconómicas
que abrem a estrada aos dramas como este. Pedimos perdão pela indiferença por tantos
irmãos e irmãs; pedimo-Vos perdão, Pai, por quem se acomodou, e se fechou no seu próprio
bem-estar que leva à anestesia do coração; pedimo-Vos perdão por aqueles que, com
as suas decisões a nível mundial, criaram situações que conduzem a estes dramas.
Depois
da tragédia desta segunda-feira, a Organização Internacional para Migrações, OIM,
está pedindo aos países europeus que forneçam mais recursos para operações de resgate
no Mar Mediterrâneo.
A representante da OIM em Portugal, Marta Bronzin, contatada
pela Rádio ONU confirma que a emergência continua: "São pessoas que fogem de contextos
principalmente de guerras e de regimes totalitários. São da Síria, da Eritreia, da
Somália. Estamos a falar de uma migração forçada. É uma migração de desespero. São
pessoas que saem dos seus países empurrados por situações de violência extrema."