2014-06-30 18:46:24

Primeira Guerra Mundial: a atualidade do pontificado de Bento XV


Cidade do Vaticano (RV) – Um profeta esquecido, mas que os historiadores estão redescobrindo como um grande Papa do século passado. É Bento XV, de quem recorre neste ano o centenário da eleição à Pontífice ocorrida em 3 de setembro de 1914. De fato, a eleição de Giacomo Paolo Battista della Chiesa, Arcebispo de Bolonha, ocorreu em meio a uma guerra que incendiava a Europa.

Justamente a guerra, por ele definida como “tragédia inútil”, marcou profundamente o seu pontificado. Em pouco mais de sete anos de reinado, procurou deter o conflito, relançou as relações com o mundo meridional e do extremo oriente, promulgou o novo Código de Direito Canônico, atenuou o tom do acontecimento modernista, reorganizou as missões e apoiou os católicos na vida política. Mas o seu maior empenho foi em favor da paz.

Nesta semana, em que é recordado o início da Primeira Guerra Mundial, o seu ensinamento e a sua obra assumem grande atualidade. A Rádio Vaticano entrevistou o dominicano Padre Massimo Mancini, docente de História da Igreja na Faculdade Teológica do Triveneto, de Veneza:

Pe. Mancini: “É um Papa em situações muito difíceis, quando a Santa Sé não é ainda reconhecida no plano internacional, consegue ser um interlocutor válido e eficaz junto às potências, para chegar à paz. Mesmo que a paz tenha se estabelecido somente após quatro anos de guerra. Bento XV convida todos os povos, todos os países em guerra à paz. Não toma posição por nenhum e isto é um aspecto pelo qual será reprovado por não poucos. O Papa sabe que a sua missão como pai de todos os cristãos é o de levar todos à paz, sem tomar parte por uma potência ao invés de outra”.

RV: Não foram somente teóricos apelos à paz, mas, graças à sua grande experiência como diplomata, o ‘Papa da Igreja’ empenhou-se concretamente para resolver os conflitos...

Pe. Mancini: “Por um lado se ocupa em oferecer assistência, o quanto possível, a todos aqueles que são atingidos pela guerra. De outro, após três anos de guerra sangrenta e trágica, o Papa faz uma proposta e envia uma nota diplomática a todas as potências em guerra, indicando soluções sobre problemas concretos. Mas esta sua proposta concreta é rejeitada, com a única exceção de Carlos I de Augsburgo. Não foi um sucesso, certamente, mas foi um momento de profecia grande por parte do Pontífice”.

RV: Capítulo missões. Também aqui Bento XV deixou sua marca...

Pe Mancini: “Com a “Maximum illud” de 1919, Bento XV dá um novo impulso às missões nos diversos continentes, procurando realizar o projeto de um “clero autóctone”. Portanto, sacerdotes e bispos pertencentes aos povos. Uma missão que não fosse mais ligada ao colonialismo das potências européias, mas que, ao invés disto, deixasse emergir os melhores recursos dos povos a serem evangelizados, para uma mensagem autenticamente mais evangélica”.

RV: Foi um visionário também em relação ao empenho dos católicos na política?

Pe. Mancini: “Bento XV é também um homem que dedica uma grande atenção pela presença dos católicos na política dos diferentes países. Antes de tudo na Itália, apoiando a fundação do Partido Popular Italiano, do Padre Luigi Sturzo. O primeiro partido político de inspiração católica na Itália. Sob o pontificado de Bento XV tem-se o início também de tratativas, mesmo se em maneira muito escondida, para se chegar à solução do grave problema da “Questão Romana” que se arrastava por decênios e que era origem de conflito entre a Itália e a Santa Sé”. (JE)








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