Cidade do Vaticano - (RV) - Estamos celebrando neste final de semana a solenidade
de São Pedro e São Paulo e cada ano a liturgia nos leva a meditar sobre a vida destes
dois grandes Apóstolos que são os principais líderes da Igreja Cristã primitiva, tanto
por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários. Pedro,
que tinha como primeiro nome de Simão era natural de Betsaida, irmão do Apóstolo André.
Pescador, foi chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu ao Mestre, estando
presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro.
Chegou a negar Jesus durante o processo que culminaria em sua morte por crucifixão.
O próprio Senhor o confirmou na fé após sua ressurreição (da qual o apóstolo foi testemunha),
tornando-o intrépido pregador do Evangelho através da descida do Espírito Santo de
Deus, no Dia de Pentecostes, o que o tornou líder da primeira comunidade. Selou seu
apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado em uma das perseguições aos
cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se
julgar digno de morrer como Seu Senhor, Jesus Cristo. São Pedro escreveu duas cartas
e também serviu como fonte de informações para que São Marcos escrevesse seu Evangelho.
Paulo, que tinha como nome antes da conversão Saulo, era natural de Tarso. Foi educado
na “escola de Gamaliel”, um dos grandes mestres da Lei da época. Tornou-se fariseu
zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte
de muitos deles. Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio
Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o Batismo e
preparou-se para o ministério. Tornou-se um grande missionário, fundando muitas comunidades.
De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio,
sofrendo morte por decapitação. Escreveu cartas para as comunidades e ficou conhecido
como “Apóstolos dos gentios”. Um dado importante dessa solenidade que nós celebramos
é que toda a coleta feita em todas as igrejas do mundo todo é destinada as obras de
caridade que o Papa faz. Chamamos esta coleta de “óbolo de São Pedro” que é uma expressão
bonita da participação de todos os fiéis nas iniciativas de caridade do Bispo de Roma
a bem da Igreja universal. Trata-se de um gesto que se reveste de valor não apenas
prático, mas também profundamente simbólico enquanto sinal de comunhão com o Papa
e de atenção às necessidades dos irmãos; por isso, o vosso serviço possui um valor
retintamente eclesial” (Discurso do Papa Emérito Bento XVI aos Sócios do Círculo de
São Pedro, 25 de Fevereiro de 2006).
Já os Sumos Pontífices
anteriores a Bento XVI tinham chamado a atenção para o Óbolo como forma de os católicos
apoiarem o ministério dos sucessores de São Pedro ao serviço da Igreja universal.
Assim se exprimira, por exemplo, São João Paulo II: “Conheceis as crescentes necessidades
do apostolado, as carências das Comunidades eclesiais especialmente em terras de missão,
os pedidos de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias
condições. Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem
encontrar noutro lugar. Vistas assim as coisas, óbolo constitui uma verdadeira e particular
participação na ação evangelizadora, especialmente se consideram o sentido e a importância
de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal” (Papa João Paulo II
ao Círculo de São Pedro, 28 de Fevereiro de 2003).
As ofertas
que os fiéis dão ao Santo Padre destinam-se a obras eclesiais, a iniciativas humanitárias
e de promoção social, e também para a sustentação das atividades da Santa Sé. E o
Papa, enquanto Pastor da Igreja inteira preocupa-se também com as necessidades materiais
de dioceses pobres, institutos religiosos e fiéis em graves dificuldades (pobres,
crianças, idosos, marginalizados, vítimas de guerras e desastres naturais; ajudas
particulares a Bispos ou Dioceses em necessidade, educação católica, ajuda a refugiados
e migrantes, etc.).
O critério geral, que inspira a prática do
Óbolo, remonta à Igreja primitiva: “A base primitiva para a manutenção da Sé Apostólica
deve ser constituída pelas ofertas dadas espontaneamente pelos católicos de todo o
mundo, e eventualmente também por outras pessoas de boa vontade. Isto corresponde
à tradição que tem origem no Evangelho (Lc 10,7) e nos ensinamentos dos Apóstolos
(1 Cor 11,14)” (Carta do Beato João Paulo II ao Cardeal Secretário de Estado, 20 de
Novembro de 1982).
Portanto, ao celebrar a solenidade de São Pedro e São Paulo
queremos pedir pela intercessão destes dois santos as suas enumeras graças e bênçãos
e quero também pedir a todo o povo de Deus de nossa Igreja Metropolitana que neste
dia em suas comunidades, sejam generosos em vossas ofertas para que o nosso querido
Papa possa ajudar em sua prática de caridade tantas pessoas e tantos lugares. Orani
João, Cardeal Tempesta, O.Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião
do Rio de Janeiro, RJ.