Cidade do Vaticano (RV) - Ensinaram-nos que deveríamos
ser bons, corretos, honestos, porque Deus é amigo das pessoas que sabem se comportar,
que praticam os Seus mandamentos. Contudo os Evangelhos nos falam algo diferente.
Jesus se aproxima e tem um carinho especial pelos pecadores públicos, pelas prostitutas
e gosta de se relacionar com outra classe rejeitada pelos perfeitos: os aleijados,
os cegos, os leprosos, os mudos, e os paralíticos. Como resolver essa situação?
Lendo
o Evangelho de hoje, Mt 11,25-30, ouvimos Jesus falar que somente ele conhece o Pai.
Não são os doutores da Lei e nem os anciãos que sabem o que agrada Deus, mas ele,
Jesus, o Filho. São os pequeninos, e não os sábios, que tiveram a revelação do coração
de Deus, do que Lhe agrada.
O Pai não quer que seus filhos queridos se sintam
oprimidos e menos ainda excluídos de seu Reino de Justiça e de Amor. Ao contrário,
Ele deseja que todos sejam incluídos, que ninguém se sinta abandonado.
Em sua
homilia na festa de São Pedro e São Paulo, o Papa Bento XVI tomou como tema a frase
de Jo 15, 15 “Já não vos chamo servos, mas amigos”, para desenvolver sua reflexão
sobre pastor, ovelha e amizade. Disse o Santo Padre: “A amizade é uma comunhão do
pensar e do querer. Conheço os meus e os meus conhecem-Me. Conhece-me de modo muito
pessoal. E eu? Conheço-O a Ele?
Se conhecemos Jesus Cristo, sabemos que a amizade
com Deus não se obtém pela rígida observância de Seus mandamentos, mas pela observância
do espírito dos mandamentos que é a justiça e o amor. Quem ama perdoa, acolhe, não
julga, eleva. Vive com Jesus a “comunhão do pensar e do querer”.
Continua o
Papa: “ A amizade não é apenas conhecimento; é sobretudo comunhão do querer. Significa
que a minha vontade cresce rumo ao ‘sim’ da adesão à vontade d’Ele. Na amizade, a
minha vontade, crescendo, une-se à d’Ele: a sua vontade torna-se a minha.”
Na
vida da Bem-aventurada Irmã Dulce dos Pobres existe um gesto que sinaliza de modo
eloquente sua identificação com Jesus, sua grande amizade com o Senhor. Certa vez
Irmã Dulce, como sempre fazia, foi pedir auxílio para os pobres. Ela entrou no recinto
de um senhor de posses, estendeu a mão e solicitou a esmola. Esse senhor cuspiu na
mão da bem-aventurada, que imediatamente passou a mão no próprio rosto, em seguida
a enxugou no hábito e, estendendo uma segunda vez a mão disse: “Isso que o senhor
deu foi para mim, e para os pobres, o que o senhor dará?”
Como Jesus, Irmã
Dulce se humilhou para socorrer seus queridos pobres. Ela se identificou com o Senhor,
seu modo de ser e de agir sinalizou comunhão de querer com o Redentor.
Assim
é o Coração de Jesus, assim é o coração daqueles que são seus amigos, que se deixam
moldar pelo Seu coração, que vivem na amizade a comunhão do pensar e do querer.
Ao
celebrarmos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, peçamos em uníssono, com toda
a Igreja: “Senhor, fazei nosso coração semelhante ao Vosso!” (CA-SP)