Meio milhão de crianças em risco de fome no Mali. Ouça entrevista a uma religiosa
No Mali, cerca
de 500 mil crianças abaixo dos cinco anos sofrem de desnutrição aguda, enquanto que
1,5 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer. O alarme foi lançado pelas
Nações Unidas, que relatam uma situação humanitária "muito grave", tanto por causa
das actividades agrícolas descontínuas, como também pelos efeitos da guerra que atingiu
duramente o país. "Dependemos das colheitas, das chuvas, do custo dos alimentos e
das ajudas", afirma D. Georges Fonghoro, bispo de Mopti. Até agora, denuncia a ONU,
foram recolhidos apenas 24% dos 568 milhões de dólares de fundos necessários para
o Mali. Em Kati, não muito longe da capital Bamako, encontra-se a missão das
Irmãs Pianzolinas. Francesca Sabatinelli entrevistou a Irmã Miriam Bovino:
A
situação é bastante dramática. Na nossa casa, todos os dias chegam pedidos de comida
e de ajudas a nível sanitário. E isto acontece todos os dias. No outro dia, recebi
a carta de um presidente de município de uma cidade perto de Kati, que me apresentava
uma lista de famílias que estão no limite das sua capacidades de alimentar-se, perguntando
se nós podíamos ajudá-los. Temos situações em que algumas pessoas comem apenas uma
vez em cada três dias ... São situações bastante graves. Estamos a sair do período
quente, em que há seca, e estamos a entrar na estação das chuvas: uma estação, portanto,
em que falta a comida …
- Mas isto, Irmã Miriam, também acontecia nos
outros anos ou este ano viu algum pioramento?
Isto acontece todos os
anos, sobretudo nas aldeias que estão localizadas na Savana. O certo é que este ano
há algumas áreas mais afectadas por falta de chuva e, além disso, há este problema
da guerra. No Mali, não saímos de uma situação de guerra: é uma situação de paz no
sul do país, mas sempre com este ar de insegurança ... Isto custa muito ao país, porque
o turismo, por exemplo, que era uma actividade que para o País significava economia
e emprego, agora já não existe. E assim, as famílias são afectados também por esta
falta de trabalho a nível turístico.
- Como uma missão, como fazem
para ajudar as pessoas? Tendes possibilidades para fazê-lo?
Fazemos o
que podemos. Mas podemos dizer que existem alguns amigos - posso indicar um grupo
de Vigevano - que mandaram um contentor de arroz e estamos a distribui-lo gratuitamente
às pessoas necessitadas, às pessoas que tiveram que deixar suas terras por causa da
guerra e que são, portanto, refugiados ... Sim, infelizmente há também mortos, em
alguns casos, não se chega a dar uma ajuda decisiva. Embora possamos dizer que em
Kati tem a UNICEF que está a ajudar muito: tem uma base perto do hospital ... Assim
também nós, quando temos alguma criança grave, a mandamos a este centro da UNICEF,
onde cuidam das crianças . As outras crianças que não chegaram a desnutrição grave,
nós as apoiamos com aquilo que podemos. Alguns amigos nos enviar alguma oferta exactamente
para ajudar-nos a dar leite ou papas necessários para estas crianças. Os amigos que
tinham passado por cá em tempos melhores sabem e portanto nos apoiam. Se há outros
que querem participar, trata-se de ajudas humanitária para aliviar um pouco de sofrimento
para quem se encontra em necessidade. Devemos também dizer que há solidariedade entre
os malianos: os malianos se ajudam muito entre as famílias, mas quando há momentos
difíceis, é claro que eles também estão em dificuldades. Portanto, o apelo que quero
lançar a todos aqueles que têm boa vontade, se quiserem dar uma mão, nós também podemos
servir de intermediárias.