Missa encerra visita a Cassano. Papa: "A máfia é a adoração do mal"
Sibari
(RV) – Mais de 100 mil pessoas participaram da missa celebrada pelo Papa sábado,
21, na Esplanada de Sibari, a poucos km de Cassano allo Jonio, onde realizou uma visita
pastoral.
Foi predisposto um esquema de socorro médico para enfrentar as emergências
devidas ao calor, que supera 40º. Desde as primeiras horas da manhã, voluntários da
Defesa Civil distribuíram garrafas de água e dezenas de fontes foram instaladas nos
últimos dias ao longo do perímetro da área. Muitas ambulâncias estavam prontas para
intervir em eventuais casos graves.
As primeiras filas do público foram destinadas
a pessoas portadoras de deficiência e doentes. 33 mil cadeiras foram reservadas aos
fiéis da diocese que apresentaram pedidos através de suas paróquias. Foram construídos
260 banheiros ecológicos e 6 telões.
No caminho de Cassano para Sibari, o
Papa pediu para parar duas vezes a sua Ford Fiesta: diante da sede da Comunidade Mauro
Rostagno (com cujos hóspedes havia almoçado no Seminário). Ali, ele quis cumprimentar
os funcionários e hóspedes da estrutura. Logo em seguida, em Pantano Rotondo, a 2
km da cidade de Sibari, Francesco parou de novo para abraçar uma menina com microcefalia.
“Aqui mora um pequeno anjo”, dizia um cartaz na fachada de sua casa. Ao vê-lo, Francisco
quis ir saudar a pequena doente.
Depois de passar pelos diversos setores
da Esplanada, cumprimentando os fiéis, o Papa deu início à missa. Na homilia, lembrou
que a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, celebrada na última quinta-feira, 19,
implica em ação de graças e adoração, adorar Jesus Eucaristia e caminhar com Ele.
“Não tendo outro Deus além Dele, nós renunciamos aos ídolos do dinheiro,
da vaidade, do orgulho e do poder. Nós cristãos não queremos adorar nada e ninguém
deste mundo a não ser Jesus Cristo, que está presente na santa Eucaristia”, disse.
Francisco
continuou explicando que esta nossa fé é autêntica quando nos comprometemos a caminhar
atrás Dele e com Ele, buscando colocar em prática o seu mandamento: “Como eu amei
vocês, vocês devem se amar uns aos outros. O povo que adora a Deus na Eucaristia é
o povo que caminha na caridade”.
Acrescentando palavras improvisadas ao
seu texto escrito, Francisco disse que “quem não adora o Senhor, torna-se adorador
do mal, como aqueles que vivem da delinquência e da violência, e a esta terra da Calabria,
tão bonita, conhece os sinais e os efeitos deste pecado. A 'ndrangheta’ é isso: adoração
do mal e desprezo do bem comum. Os mafiosos não estão em comunhão com Deus e estão
excomungados”.
"Este mal – clamou – deve ser combatido, afastado.
É preciso dizer-lhe ‘não’. A Igreja, que é tão engajada em educar as consciências,
deve sempre se comprometer a fim de que o bem prevaleça. É o que nos pedem nossos
jovens, carentes de esperança”, prosseguiu.
O Pontífice continuou afirmando
que como Bispo de Roma, foi a Cassano “para confirmá-los não somente na fé, mas
também na caridade; para acompanhá-los e incentivá-los em seu caminho com Jesus Caridade”.
Exortou todos a testemunharem a solidariedade concreta com os irmãos, especialmente
aqueles que mais precisam de justiça, esperança e ternura. Como exemplo, citou como
sinal de esperança o Projeto Policoro, para os jovens que querem se envolver e criar
oportunidades de trabalho para si e para os outros.
“Queridos jovens, não
deixem que lhes roubem a esperança! Adorando Jesus em seus corações e permanecendo
unidos a Ele vocês saberão se opor ao mal, às injustiças, à violência com a força
do bem, do verdadeiro e do belo”.
“Se adorarem Cristo e caminharem atrás
Dele e com Ele, vocês serão uma Igreja em que pais, mães, sacerdotes, religiosos,
catequistas, crianças, idosos e jovens caminham lado a lado, se apoiando, se ajudando,
se amando como irmãos, especialmente nos momentos de dificuldade”, concluiu.
Após a missa, o Papa e sua delegação foram ao heliporto adjacente à esplanada
e retornaram a Roma, com chegada prevista no Vaticano às 19h30 locais.