Pela paz na Terra Santa – o antes, o durante e o depois de uma oração no Vaticano
Pela
paz na Terra Santa - um desejo, uma prece e uma intenção, que levaram o Papa Francisco
a dinamizar apelos e momentos que marcaram nas últimas semanas a atividade da Santa
Sé. O dia 8 de Junho, foi dia de oração no Vaticano pela paz na Terra Santa. Na rubrica
“Sal da Terra, Luz do Mundo” de hoje apresentamos os factos e as principais frases
do tempo vivido antes, durante e depois desse importante acontecimento.
O
Papa Francisco na sua viagem apostólica à Terra Santa apresentou-se como um peregrino
da paz e recordou esse facto na primeira audiência geral de quarta-feira 28 de maio,
logo após a peregrinação:
“Fi-lo sempre como peregrino, no nome de Deus
e do homem, levando no coração uma grande compaixão pelos filhos daquela Terra que
há demasiado tempo convivem com a guerra e têm o direito de conhecer finalmente dias
de paz!”
Foi na Palestina em Belém na Praça da Manjedoura que o
Papa Francisco lançou um convite direto aos Presidentes da Palestina e de Israel,
a invocarem juntos a paz, disponibilizando-se a acolhê-los no Vaticano para tal iniciativa.
O Papa Francisco disse textualmente isto que passamos a ouvir:
Neste
Lugar, onde nasceu o Príncipe da Paz, desejo fazer um convite a Vossa Excelência,
Senhor Presidente Mahmoud Abbas, e ao Senhor Presidente Shimon Peres para elevarem,
juntamente comigo, uma intensa oração, implorando de Deus o dom da paz. Ofereço a
minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração.
Num
cantinho relvado nos Jardins do Vaticano, o Papa Francisco, o Patriarca Bartolomeu
e os presidentes de Israel e da Palestina. Usaram da palavra os três principais protagonistas:
o Papa Francisco e os presidentes Peres e Abbas. O Santo Padre afirmou que este é
o momento de “derrubar os muros da inimizade e percorrer o caminho do diálogo e da
paz” e considerou que este mundo “é uma herança” mas também “um empréstimo” aos nossos
filhos:
“Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos
nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão
cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos
que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer o caminho do diálogo
e da paz a fim de que o amor e a amizade triunfem.”
O Papa Francisco
sublinhou ainda que para dizer sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações
e não às hostilidades é preciso coragem:
“É preciso coragem para fazer
a paz, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao
encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não
às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade
e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.”
Um
sentido agradecimento foi dirigido ao Papa Francisco quer pelo presidente Peres quer
pelo presidente Abbas por ter proposto no Vaticano este encontro. Ambos tomaram a
palavra. Ouçamos primeiro Shimon Peres que se expressou em hebraico e afirmou que
se deve pôr fim “à violência” e “ao conflito”:
“ Dois povos – israelitas
e palestinianos – desejam ardentemente a paz. As lágrimas das mães sobre os seus filhos
estão ainda marcadas nos nossos corações. Nós devemos pôr um fim aos gritos, à violência,
ao conflito. Nós todos temos necessidade de paz. Paz entre iguais.”
A
realização da verdade, da paz e da justiça foi a prece do presidente Mahmoud Abbas
que falou em árabe:
“ Por isso pedimos-Te, Senhor, a paz na Terra Santa,
Palestina e Jerusalém, juntos com o seu povo. Nós pedimos-Te de tornar a Palestina
e Jerusalém, em particular, uma terra segura para todos os crentes, e um lugar de
oração e de culto para os seguidores das três religiões monoteístas.”
“A
unidade prevalece sobre o conflito e o tempo é superior ao espaço” – quem escreveu
esta frase foi o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” e
parece ser essa uma máxima importante para os desafios da paz no mundo. Para tentarmos
medir os efeitos da iniciativa do Santo Padre com esta oração no Vaticano que juntou
os presidentes palestiniano e israelita, fomos ouvir as opiniões de um judeu e de
uma muçulmana. Os depoimentos foram recolhidos pelo nosso colega da redação italiana
Alessandro Gisotti. Shahrzad Houshmand é uma teóloga muçulmana iraniana:
“Foi
realmente plantada em conjunto uma oliveira que também para o Corão é sagrado. Aconteceu
um facto real e agora toca a nós conservar e regar esta árvore. Precisamente na manhã
de domingo, o Papa dizia que a Igreja deve suscitar admiração e seguramente este evento
suscitou grandíssima admiração, não só na Igreja Católica mas também no mundo islâmico,
onde olham com admiração a coragem do Papa Francisco: ser um abraço para todos. A
Igreja fez um anúncio evangélico de grande alcance, um anúncio evangélico que acolhe,
faz ler os textos sagrados das outras religiões dentro do seu espaço fechado e particularmente
católico, sem medo. A Igreja fez ver que abraça como uma mãe os seus diversos filhos
e também os diversos filhos de outras fés.”
Shahrzad Houshmand afirmou
que se sentiu tocada pelo discurso do Papa Francisco considerando que ele fez um chamamento
ao qual é preciso responder:
“O Papa Francisco disse uma coisa maravilhosa
no seu discurso final. Disse que sentimos um chamamento e devemos responder. O chamamento
para romper a espiral de ódio e de violência com uma só palavra. E qual é esta palavra?
Esperaríamos que o Papa dissesse paz mas ao invés o Papa diz uma palavra que rompe
verdadeiramente com qualquer violência ou ódio: esta palavra fundamental é irmão,
é reconhecer-se filhos de um único Pai. Esta mensagem é assim transparente, assim
autêntica: a força de romper a violência. Seguramente não podemos esperar que de hoje
para amanhã as guerras no mundo, no Médio Oriente se acalmem e deixem de parte as
armas, mas é, seguramente, um convite de conversão à paz, à profundidade da mensagem
religiosa de cada religião porque em todas as religiões há a palavra irmão.”
Neste
encontro no Vaticano esteve também presente Renzo Gattegna, presidente da UCEI – União
das Comunidades Hebraicas Italianas que comentou a extraordinária consonância vivida
na invocação da paz:
“Este encontro no Vaticano foi muito particular
e emotivamente muito forte. Particular porque, não obstante a presença de dois presidentes
– Shimon Peres e Abu Mazen – não foi um encontro político. Foi prevalente precisamente
o caráter religioso do encontro. Aquilo que me tocou foi o facto de que, não obstante
as tradições diferentes, as línguas diferentes, no final os conceitos que eram expressos
eram muito similares, fossem ditos em árabe, em hebraico, em italiano ou em inglês.
Emergia claramente este desejo de paz.”
Também o P. Federico Lombardi,
Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, comentou este acontecimento memorável e intenso
aos microfones da Rádio Vaticano num depoimento recolhido por Roberto Piermarini:
“O
Papa Francisco, de acordo com os outros participantes neste encontro, quis dar um
sinal muito forte de apelo a Deus, de abertura e portanto de um horizonte de um empenho
maior e diferente, ao serviço da paz. E como dizia o Custódio da Terra Santa, há dias,
porventura não “rebentará” a paz – no sentido de que não a situação não mudará de
um dia para o outro no Médio Oriente, contudo, sem dúvida que pessoas de boa vontade
e pessoas que creem em Deus deram um contributo novo, um contributo forte, com todas
as forças para fazerem apelo à graça do Senhor, ao dom da paz (a paz, nós acreditamos
que é um dom) e à capacidade dos corações de se converterem a uma atitude diferente.
O Papa fala sempre da cultura do encontro. Pois bem, o encontro de ontem foi verdadeiramente
um encontro entre pessoas sob o signo da fé.”
Pela paz na Terra Santa
encontraram-se com o Papa Francisco no Vaticano neste mês de junho os presidentes
de Israel e da Palestina – uma oração que semeou amizade e sentimentos de paz. Acompanhe
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(RS)