Igreja não é uma ONG, mas família aberta a toda a humanidade – Papa na audiência geral
iniciou novo ciclo de catequeses
Na audiência
geral desta quarta-feira, dia 18 de junho, o Papa Francisco propôs o início de um
novo ciclo de catequeses que terá como tema a Igreja:
“... hoje começo
um ciclo de catequeses sobre a Igreja. É um pouco como um filho que fala da própria
mãe, da própria família. A Igreja não é uma instituição com um fim em si própria ou
uma ONG, nem muito menos se deve restringir ao clero e ao Vaticano... A Igreja é uma
realidade mais ampla, que se abre a toda a humanidade e que não nasce num laboratório,
improvisamente, do nada. É fundada em Jesus Cristo mas é um povo com uma história
longa e uma preparação que tem início muito antes de Jesus.”
A Igreja
foi fundada por Jesus Cristo, mas a sua preparação na história começou muito antes
– sublinhou o Papa Francisco. Com Abraão, Deus dá início a um povo que levará a sua
bênção a todas as famílias da terra. Um povo no qual nascerá Jesus. Mas, não é Abraão
a tomar a iniciativa, mas sim Deus que dá vida a este povo:
“...
não é Abraão a constituir à sua volta um povo. Normalmente era o homem a dirigir-se
à divindade, procurando e invocando apoio e proteção. Neste caso, ao contrário, assiste-se
a algo de inaudito: é o próprio Deus a tomar a iniciativa.”
Assim
– continuou o Santo Padre - quem toma a iniciativa é Deus, que se dirige a Abraão
convidando-o a entrar numa relação nova com Ele. Assim Deus forma um povo com todos
aqueles que escutam a sua palavra e, confiados n’Ele, põem-se a caminho. Contudo –
afirmou ainda o Santo Padre – quantas vezes fazemos experiência do nosso egoísmo e
da dureza do nosso coração. Mas, se nos arrependermos Deus perdoa-nos com o seu amor:
“Quando,
porém, reconhecemos o nosso pecado e nos voltamos para Deus, Ele enche-nos da sua
misericórdia e do seu amor. É precisamente isto que nos faz crescer como povo de Deus,
como Igreja: não é pela nossa habilidade, pelos nossos méritos, mas pela experiência
que diariamente fazemos de quanto o Senhor nos quer bem e cuida de nós. “
O Papa Francisco concluiu a sua catequese pedindo a graça de permanecermos fieis a
Jesus Cristo e à escuta da sua Palavra. Nas saudações aos peregrinos o Santo Padre
saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Amados peregrinos
de língua portuguesa, saúdo-vos cordialmente a todos, com menção especial à comunidade
«Coccinella meninos da rua», do Brasil, e à «Associação Cultural Amor e Responsabilidade»
das Caldas da Rainha. Esta visita a Roma vos ajude a estar prontos, como Abraão, a
sair cada dia para a terra de Deus e do homem, revelando-vos uma bênção e um sinal
do amor de Deus por todos os seus filhos. A Virgem Santa vos guie e proteja!”
No final da audiência o Papa Francisco lançou um apelo para o drama dos refugiados:
“Depois
de amanhã, 20 de junho, ocorre o Dia Mundial do Refugiado, que a comunidade internacional
dedica aos que são obrigados a deixar a sua própria terra para fugir dos conflitos
e das perseguições. O número destes irmãos refugiados está a crescer e, nestes últimos
dias, outros milhares de pessoas foram levadas a deixar as suas casas para se salvarem.
Milhões de famílias refugiadas de tantos países e de todos os credos religiosos vivem
nas suas histórias dramas e feridas que dificilmente poderão ser sanadas. Estejamos
próximos delas, partilhando os seus medos e incertezas pelo seu futuro e aliviando
concretamente os seus sofrimentos. O Senhor sustente as pessoas e as instituições
que trabalham com generosidade para assegurar aos refugiados acolhimento e dignidade
dando-lhes motivos de esperança.”
Recordando que Jesus, com Maria e
José, também foi refugiado, o Papa Francisco invocou a proteção de Nossa Senhora.