Como conciliar lucro e benefícios sociais? A resposta está nos 'investimentos de impacto'.
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Cidade
do Vaticano (RV) – Segunda-feira, 16, o Papa Francisco recebeu o grupo de participantes
do Encontro “Investir para os pobres. Como o investimento de impacto pode servir o
Bem-comum”, promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, pela Catholic
Relief Services (Caritas EUA), Colégio de Negócios Mendoza e Universidade Notre Dame.
Os participantes debateram os conceitos fundamentais do investimento de impacto e
discutiram a proposta em conjunto com a missão da Igreja, a fim de entender como a
instituição pode utilizá-lo ou promovê-la para servir aos pobres.
Para o Papa
Francisco, o “investidor de impacto é um conhecedor da existência de profundas desigualdades
sociais e de penosas condições de desvantagem enfrentadas por populações inteiras”.
Ainda em seu discurso, o Pontífice afirmou “a urgência de que os governos de todo
o mundo se empenhem a desenvolver um quadro internacional para promover o mercado
do investimento de alto impacto social, para contrastar a economia da exclusão e do
descarte.”
A “Convenção Investir para os Pobres” iniciou domingo, 15, e termina
quinta, 19 de junho, em Roma, e tem como palestrante o brasileiro Marcus Regueira,
especialista em mercado financeiro, tendo acumulado mais de 25 anos de experiência
bancária e de investimentos privados na América Latina. Marcus é fundador e membro
do Conselho do Instituto Hartmann Regueira (www.institutohr.org.br), Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público cuja missão é a gestão de investimentos de impacto
social e o fortalecimento da gestão do Terceiro Setor.
Ele foi entrevistado
pela RV e começou definindo o conceito de 'investimento de impacto'. “Investimento
de impacto é uma forma de se utilizar investimentos com fins lucrativos para o benefício
dos mais destituídos. Isto significa investimentos de geração de receita para cidadãos
e cidadãs que precisam gerar riqueza para a sobrevivência e o crescimento. Imagine
o capitalismo humanista, que olhe para o lucro não como um fim, mas como um processo
integrado na formação de dignidade e no benefício para o todo e para todos. Trata-se
de tirar o que há de melhor do capitalismo e aplicar na necessidade de solução da
pobreza e geração de dignidade para o individuo. Imagine, por exemplo, cooperativas.
Elas são um grande exemplo de uma maneira de se fazer capitalismo distributivo. Não
é socialismo ou capitalismo, aqui falamos da pessoa, da intenção da repartição do
lucro e da riqueza de uma forma meritocrática e clara. Não falamos de empresas que
distribuem tudo de igual para todos. Falamos de empresas que não procuram o lucro
pelo lucro simplesmente, mas de um equilíbrio da procura do lucro com a procura do
benefício social, individual e do meio-ambiente. Quando falo social, entenda-se social
e ambiental, com respeito ao ambiente e com sustentabilidade. São investimentos que
provêm de um capital consciente, e não de um capital depredador, com o interesse único
de aumentar o lucro do ponto de vista econômico-financeiro”.
Para ouvir
a reportagem na íntegra, clique acima. A entrevista completa com Marcus Regueira
vai ao ar em nosso especial “Em Romaria” nesta quinta-feira, 19 de junho, às 17h,
horário de Brasília. (CM)