Yangun (RV) – Mais de 80 organizações da sociedade civil de todo o mundo pedem
ao governo de Mianmar para arquivar o projeto de lei em discussão no país, que poderia
limitar às pessoas o direito de escolher livremente sua própria fé. “Se for aprovada,
esta lei violaria os direitos humanos fundamentais e poderia levar a mais violência
contra os muçulmanos e outras minorias religiosas no país”: foi o disse o Fórum das
ONG, que inclui várias organizações de inspiração cristã, num comunicado à imprensa
internacional.
Segundo informação do Fórum, o projeto de “Lei sobre a conversão
religiosa”, anunciado oficialmente em 27 de maio de 2014, prevê um verdadeiro “processo”
para obter a permissão oficial para converter-se de uma religião para outra. Os funcionários
dos departamentos governamentais têm o poder de decidir se o requerente exerceu o
ou não o livre arbítrio na escolha de mudar sua fé. Aqueles que pedem a conversão
“com a intenção de insultar ou destruir outra religião” podem ser punidos com pena
de prisão até dois anos.
Isto “aumenta a perspectiva de prisões arbitrárias
e detenções para aqueles que desejam se converter do Budismo Theravada - fé majoritária
em Mianmar – a uma religião minoritária”, afirma a nota. Também persuadir um indivíduo
com uma “pressão indevida” comporta um ano de prisão.
O Fórum de mais de 80
organizações, incluindo Christian Solidarity Worldwide, destaca: “A Declaração Universal
dos Direitos Humanos afirma explicitamente que o direito à liberdade de pensamento,
de consciência e de religião inclui a liberdade de mudar a própria fé ou suas convicções
religiosas. O novo projeto de lei – prossegue o texto - parece legitimar as opiniões
daqueles que promovem ódio e incitação à violência contra os muçulmanos e outras minorias,
e se aprovado, institucionaliza a discriminação contra as minorias étnicas e religiosas.
Pedimos ao Governo e ao Parlamento para arquivá-lo e descartá-lo completamente”.
O
Ministério de Assuntos Religiosos elaborou a lei como parte de um pacote de medidas
relativas ao matrimônio, religião, poligamia e planejamento familiar, com base em
propostas da organização budista “Associação para a proteção da raça e da religião”.
As ONGs também convidam a abolir o “Ministério de Assuntos Religiosos” e substituí-lo
por uma comissão independente e imparcial, com um mandato para eliminar todas as formas
de discriminação religiosa no país. (SP)