República Centro-africana: o empenho da Igreja no diálogo inter-religioso
“A fuga dos muçulmanos da República Centro-africana é um problema grave. Os cristãos
devem ajudá-los e demonstrar com o seu comportamento que não há nenhum ódio em relação
a eles. É preciso agir depressa se não queremos que a coabitação entre nós seja apenas
um desejo”. Esta, em síntese, a mensagem do arcebispo de Bangui, D. Dieudonné Nzapalainga,
numa declaração feita ao quotidiano católico francês “La Croix” e retomada pelo jornal
do Vaticano, L’Osservatore Romano, durante uma visita aos 600 refugiados muçulmanos
concentrado em Yaloké, a 100 km de Bangui.
D. Nzapalainga conduziu ele próprio
um veículo que faz parte do comboio de ajudas humanitárias organizado pela Igreja
católica a favor dos refugiados em Yaloké. Juntamente com o arcebispo – refere o jornal
do Vaticano – estava uma delegação de chefes religiosos, encabeçada pelo Imã de Bangui,
Oumar Kobine Layama. Um outro veículo era conduzido pela irmã Julietta, uma religiosa
originária da Coreia do Sul, membro da Congregação de Saint-Paul de Chartres, responsável
do centro sanitário “Nossa Senhora de Fátima de Bangui”, juntamente com duas enfermeiras.
Chegados ao campo de Yaloké, D. Nzapalainga disse aos refugiados: “estou aqui
com o Imã que acolhi em minha casa por cinco meses. Não é suficiente dizer “é necessário
viver juntos”, ocorre traduzir estas palavras em actos concretos”.
A situação
no campo é precária, mas o arcebispo de Bangui prometeu voltar não abandoná-los, dizendo
que voltará a visitá-los.
Entretanto, está a tornar-se cada vez mais difícil
para as organizações humanitárias continuar a prestar ajuda aos necessitados devido
às precárias condições de segurança. Nos dias passados os voluntários de “Médicos
sem Fronteiras” disseram através dum comunicado estar chocados devido a agressões
de que membros dessa organização foram vítimas na sequência de ataques à cidade de
Ndélé, onde Médicos sem Fronteiras estão activos desde 2010.
A Organização
MsF diz-se disposta a ajudar a população à condição de ter um mínimo de condições
de segurança que as partes em conflito devem garantir.
De referir que uma
parte da equipa de MsF foi evacuada de Ndelé, e a organização está a avaliar a situação
e a negociar com as autoridades locais a possibilidade de continuar as próprias actividades
naquela zona.