Na Nigéria os Bispos proclamam seis meses de oração nacional até Dezembro – liberdade,
paz, justiça e unidade
A arma da
oração para restaurar a paz na Nigéria, um país atribulado pelas violências do Boko
Haram - é a proposta dos bispos católicos na Nigéria, que proclamaram seis meses de
oração nacional, a partir de Julho até Dezembro. Os bispos – segundo uma nota do L’Osservatore
Romano – sugerem para cada mês uma intenção particular: em Julho a oração para a libertação
de todas as pessoas sequestradas; em Agosto por aqueles que sofrem as consequências
da violência; em Setembro para os agentes das forças de segurança que perderam a vida
ou foram feridos para defender o país; em Outubro para a unidade, a paz e a boa governação;
em Novembro pela erradicação da corrupção e a promoção da justiça; em Dezembro pela
promoção dos valores familiares, da família e a protecção da vida humana.
Segundo
as directrizes emanadas pelo episcopado, a oração será realizada a nível familiar
(cada família é convidada a recitar o Rosário na noite de sábado), paroquial e diocesano
(rosário e adoração eucarística no último sábado do mês) e a nível nacional, com uma
peregrinação, nos dias 13 e 14 de Novembro, ao Centro Ecuménico Nacional de Abuja.
Sobre
a importância da oração também se pronunciou o arcebispo de Canterbury, Justin Welby.
O primaz anglicano, comentando o seu recente encontro com o presidente nigeriano,
Goodluck Jonathan, a quem exprimiu a veemente condenação pelas estudantes sequestradoas
pelos combatentes do Boko Haram, também sublinhou de facto que "a coisa fundamental
que podemos fazer é rezar. A oração muda as coisas, como cristão, eu estou profundamente
convencido disso". O mais importante, disse Welby, é também apoiar o governo local
e dar visibilidade à questão nigeriana na cena internacional.
Por seu lado,
o cardeal arcebispo de Abuja, John Olorunfemi Onaiyekan, num comunicado à Agência
Fides, disse que "o problema do Boko Haram arrisca de minar a unidade das forças armadas
nigerianas, sobretudo se se chega ao ponto de interpretar aquilo que acontece no Norte
da Nigéria como um confronto religioso entre cristãos e muçulmanos". A imprensa local,
citando fontes militares, informou que uma dezena de oficiais superiores e vários
militares foram condenados por um tribunal marcial por ter fornecido armas e munições
ao Boko Haram. "Eu tenho a certeza - disse o cardeal - que com o tempo conheceremos
a verdade sobre este facto. É claro, contudo, que existem simpatizantes do Boko Haram
dentro do exército. O meu medo é que a campanha contra o Boko Haram seja vista como
um ataque contra o Islão. E Boko Haram quer exactamente isso. Infelizmente, mesmo
no campo cristão, existem aqueles que tendem a apresentar a luta ao Boko Haram como
um confronto entre cristãos e muçulmanos. É uma visão muito perigosa, que poderia
minar a unidade das forças de segurança".