Em Kirkuk, população reza pelo fim da violência. Em Mosul, mais de 500 mil fogem dos
combates
Kirkuk (RV) – Os povoados ao redor de Kirkuk já estão fora do controle do governo
iraquiano, enquanto na área urbana se vive um clima tenso, com a população fechada
em suas casas. Milícias curdas dos Peshmerga, vindas do Curdistão, protegem a cidade
dos jihadistas do Exército do Iraque do Levante, - a facção sunita ativa no conflito
sírio – que após terem conquistado Mosul, a segunda cidade do país, estendem seu controle
sobre amplas áreas do território iraquiano.
Este é o quadro traçado pelo sacerdote
caldeu Qais Kage, contatado pela Agência Fides. “O avanço dos milicianos do Iraque
do Levante – disse ele -, é favorecida pelas tribos e pelos grandes clãs sunitas.
O que aconteceu em Mosul é significativo: uma cidade deste porte não pode cair em
poucas horas sem um apoio interno. O caos e a divisão política do país, devido às
contraposições sectárias, favorece o avanço dos milicianos vindos de fora. O exército
iraquiano deixou tudo nas suas mãos e isto levanta questionamentos”.
Quem está
protegendo Kirkuk são os Pershmerga curdos, a pedido do governador da cidade, conta
Pe. Oais. “As milícias curdas realizaram manobras ao redor da cidade, para dissuadir
possíveis ataques”.
Neste clima, se reza todos os dias nas quatro paróquias
caldéias, para que a população seja poupada de ulteriores sofrimentos. “Suspendemos
por motivo de segurança o catecismo e as atividades com os jovens”, contou o sacerdote
caldeu, observando que “as igrejas, no entanto, permanecem abertas. Neste mês dedicado
ao Sagrado Coração de Jesus, celebramos a cada dia a missa e rezamos pedindo ao Senhor
que a situação não piore e que nos salve de novas explosões de violência sectária”.
Já em Mosul, os deslocados são mais de 500 mil. Os enfrentamentos continuam,
tornando inacessíveis os acessos a todos os quatro hospitais da cidade, declarou à
Agência Misna o responsável no Iraque pela Organização Internacional das Migrações,
Mandie Alexandre.
“Os habitantes – sublinhou – fogem dos bairros à oeste do
Tigre em direção ao sul, na Província de Salahaddin e ao Curdistão, região autônoma
do extremos norte”. (JE)