Francisco pede orações por vítimas de violência sexual em guerras
Cidade do Vaticano (RV) – “Rezemos por todas as vítimas de violência sexual em
situações de conflito e por aqueles que combatem esse crime”. Nesta terça-feira, o
Papa Francisco pede orações no Twitter por ocasião do encontro internacional para
pôr fim ao estupro como arma de guerra.
A mensagem do Pontífice é acompanhada
da hashtag #TimeToAct – hora de agir. O evento se realiza em Londres, de 10 a 13 de
junho, com a participação de representantes das Nações Unidas, de mais de 145 países,
da sociedade civil, das forças militares e de líderes religiosos.
“Não será
uma conferência de retórica vazia”, anunciou o Embaixador da Grã-Bretanha junto à
Santa Sé, Nigel Marcus Baker. Segundo ele, aos representantes será pedido um empenho
concreto para eliminar do arsenal de crueldades os estupros e a violência sexual em
tempos de guerra.
“Será um vértice diferente dos outros, porque a violência
sexual é um crime diferente dos outros. As vítimas carregam consigo uma consequência
corrosiva que dura toda a vida: vergonha injusta e destrutiva para elas e suas famílias”,
acrescentou o embaixador britânico, pedindo que quem comete esses crimes respondam
penalmente.
Sobre este tema, o Programa Brasileiro entrevistou a escritora
nigeriana Pauline Aweto, que já publicou livros e artigos sobre o argumento. De modo
especial, ela analisou os crimes cometidos na África que – segundo Pauline – se destacam
pela crueldade:
Todas as guerras são brutais, mas o nível de brutalidade
africana é extremo. E depois há uso do machado, por exemplo, é algo muito específico
da África. Mas o que me interessa muito mais é analisar a mulher grávida como alvo
para estuprar – que vai contra qualquer razão e qualquer lógica, sobretudo na África,
em que a vida era considerada sagrada – isso é realmente algo que não se pode entender.
Por que escolher as mulheres grávidas para estuprar? Depois, o nível público é outro
elemento. Esses crimes são cometidos publicamente, para mostrar aos outros. Normalmente,
quando se comete um crime, se esconde, porém eles querem fazer tudo publicamente.
Os elementos que caracterizam a experiência africana são muito diferentes do restante
do mundo."
Para a Pauline, o estupro evidencia discrepância de gênero.
Neste caso, a mulher é só um instrumento para atingir o alvo principal: o homem:
Durante
a guerra, atingem a mulher para chegar até o homem. Não é a mulher em si que é o alvo,
mas atingem a mulher enquanto propriedade do homem. Portanto, seria necessário rever
toda a cultura, começando com a educação das meninas, com a autoconsciência da própria
vida, com a independência econômica, de a mulher poder tomar uma decisão sem ser necessariamente
ligada ao homem. Quando uma mulher é autossuficiente, pode tomar decisões para sua
vida."